No último ano, as buscas de dispositivos pelos agentes da Alfândega e Proteção de Fronteira dos EUA (CBP) alcançaram números alarmantes, com mais de 55.000 dispositivos verificados durante o ano fiscal de 2025. Esse número representa um aumento de 17% em relação ao ano anterior, e a tendência parece se acelerar ainda mais. Esse cenário se insere em um contexto mais amplo de endurecimento das políticas de imigração do governo Trump, onde o que antes era um incômodo esporádico em aeroportos agora se transformou em uma prática rotineira durante os processos de controle nas fronteiras.
A nova realidade nas verificações de dispositivos
O uso de tecnologia forense, como Cellebrite UFED e GrayKey, tem democratizado as capacidades dos agentes do CBP, que agora podem contornar bloqueios em dispositivos, recuperar arquivos deletados e montar cronologias de atividades em questão de minutos. Isso contrasta com o cenário anterior, onde esses processos exigiam semanas de trabalho em laboratório. Em busca de aprimoramentos tecnológicos, o CBP recentemente solicitou novos equipamentos para melhorar ainda mais a busca por dados em dispositivos pessoais. Contudo, entre julho e setembro deste ano, o CBP teve 16.173 buscas documentadas, um número que, apesar do que um porta-voz da CBP pode alegar, aponta para uma frequência crescente de tais operações.
Impactos nas viagens internacionais
A realidade das buscas tornou-se algo mais grave com relatos de incidentes que ganharam notoriedade. Um turista norueguês foi negado a entrada nos Estados Unidos devido a um meme de JD Vance em seu celular, enquanto um cientista francês enfrentou questionamentos sobre suas críticas ao ex-presidente Trump. Essas situações refletem um clima de desconfiança crescente, tanto por parte das autoridades quanto pelos visitantes internacionais. De acordo com reportagens, o número de visitantes internacionais aos EUA já apresenta uma queda significativa, corroborando a percepção de que o país se tornou um lugar cada vez mais hostil para turistas e visitantes.
A percepção externa sobre os EUA
As percepções sobre os Estados Unidos têm sido impactadas negativamente por essas práticas. Muitos visitantes potenciais se sentem intimidados pela possibilidade de terem seus dispositivos vasculhados, o que levanta sérias preocupações sobre privacidade e segurança. O site Wired destaca que a impressão geral no exterior é de que os EUA estão se tornando um local cada vez mais difícil, se não hostil, para se visitar. Especialistas em imigração e direitos civis expressam preocupações sobre o impacto dessas políticas na imagem global e no turismo do país, que historicamente sempre foi um destino atrativo para pessoas de todo o mundo.
O que os viajantes podem fazer?
Diante desse cenário, muitos viajantes estão se perguntando como proteger suas informações pessoais. Algumas recomendações incluem a utilização de senhas fortes, a limpeza prévia dos dispositivos e, em alguns casos, até a utilização de dispositivos descartáveis para viagens. Além disso, há um crescente interesse em legislações que protejam a privacidade dos cidadãos e visitantes, refletindo uma necessidade urgente de balançar segurança com direitos civis.
Com o crescente número de buscas realizados pelas autoridades, é fundamental que os viajantes estejam cientes de seus direitos e opções. Enquanto a política de imigração e as normas de segurança continuam a evoluir, a proteção da privacidade pessoal permanece uma prioridade para muitos que cruzam as fronteiras dos EUA.
A tendência de aumento nas buscas reforça a necessidade de um diálogo aberto sobre a segurança, privacidade e as implicações de um sistema descentralizado de controle nas fronteiras. No futuro, o desafio recai sobre a capacidade dos Estados Unidos em equilibrar a segurança nacional com os direitos civis dos indivíduos, principalmente em um mundo onde a tecnologia avança rapidamente.
