Brasil, 31 de outubro de 2025
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Raízes problemáticas das eleições estaduais em anos não eleitorais

Eleições estaduais em anos fora do calendário eleitoral foram usadas para limitar o voto e manter o controle, revela história dos EUA

As disputas pelo governo de Nova Jersey e Virgínia, que ocorrem neste final de semana, atraem atenção por suas implicações políticas. No entanto, poucos percebem que a tradição de realizar eleições estaduais em anos não eleitorais tem raízes profundas na história de manipulação do voto nos Estados Unidos, cuja prática ainda possui efeitos prejudiciais.

Origem histórica das eleições em anos não eleitorais

Desde o século XIX, Estados americanos usaram diferentes calendários eleitorais, com eleições para o executivo estadual ocorrendo tanto em anos ímpares quanto pares. Foi somente após o ingresso de Oregon na União, em 1859, que os Estados passaram a alinhar suas eleições aos calendários federais, feitos em novembro de anos pares. Ainda assim, alguns Estados resistiram a essa lógica.

A resistência de estados do Sul

Virginia, Louisiana, Mississippi e Kentucky mantiveram suas eleições estaduais em anos ímpares, tradição que remonta ao período pré-guerra civil. Essas datas distintas foram estratégicas: os estados buscavam evitar a interferência federal e preservar o domínio de elites conservadoras brancas, sobretudo em um contexto de forte opressão racial.

Disfarce de manutenção do controle e o impacto na democracia

Apesar dos custos adicionais de realizar duas eleições, essas tradições perpetuaram uma prática de manipulação eleitoral. Após a ratificação da Décima Quinta Emenda, que buscava garantir o direito de voto a todos, os Estados do Sul implementaram métodos para limitar o acesso de afro-americanos às urnas.

Práticas de supressão do voto

Nos Estados do Sul, convenções constitucionais adotaram mecanismos como testes de alfabetização e o pagamento de impostos eleitorais, restringindo o direito de votar de afro-americanos e pobres brancos. Como resultado, entre 1880 e 1912, a população de Mississippi cresceu quase duas vezes, enquanto a participação eleitoral encolheu drasticamente, chegando a apenas 3,5% em 1912.

Implicações atuais das raízes históricas

A prática de disputar eleições em anos não eleitorais auxilia na manipulação do eleitorado e reforça o controle político de grupos tradicionais, dificultando mudanças democráticas profundas. As disputas de governador na Virgínia e Nova Jersey, neste momento, são exemplos de como essas tradições ainda influenciam o cenário político atual.

Especialistas alertam que entender essas origens é fundamental para combater as estratégias de supressão e garantir processos eleitorais mais justos. Segundo estudos do Centro de Pesquisa em História Política, a manutenção dessas eleições em anos não eleitorais serve a interesses de manutenção de poder, muitas vezes à custa dos direitos civis.

Segundo o historiador William Carter, “essa tradição reflete uma tentativa antiga de limitar a participação popular, especialmente de grupos marginalizados, e ainda hoje ela serve para favorecer candidatos e grupos específicos.”

Perspectivas futuras

Debates sobre o alinhamento do calendário eleitoral continuam a surgir nos Estados Unidos, após vários esforços de reforma. No Brasil, por exemplo, há discussões sobre reformas eleitorais que busquem ampliar a participação e reduzir distorções no sistema.

Reformas similares, de acordo com especialistas, poderiam contribuir para fortalecer a democracia e promover eleições mais representativas, eliminando práticas anacrônicas que ainda permeiam o sistema político.

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