O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, acusou os Estados Unidos de “fabricar uma nova guerra” após a ordem de envio do USS Gerald R Ford, o maior porta-aviões do mundo, para o Caribe. Essa movimentação militar representa um aumento significativo no poderio bélico dos EUA na região, levantando preocupações sobre possíveis ações militares contra o governo venezuelano.
Contexto da operação militar dos EUA
O USS Gerald R Ford tem a capacidade de transportar até 90 aeronaves e sua disposição nas águas do Caribe é estratégica. Desde o início de setembro, os EUA realizaram uma série de ataques aéreos em navios na área, como parte do que afirmam ser uma operação de combate ao narcotráfico. O presidente Donald Trump acusou Maduro de liderar uma organização de tráfico de drogas, algo que o venezuelano nega veementemente.
O contexto político é ainda mais complexo, já que os Estados Unidos não reconhecem Nicolás Maduro como o líder legítimo da Venezuela, após as eleições de 2024, amplamente consideradas fraudadas. Em meio a essa crise política, há temor em Caracas de que a intensificação militar tenha como objetivo a remoção do presidente Maduro do poder.
Aumento na presença militar americana
O Pentágono anunciou que o USS Gerald R Ford será enviado à área de responsabilidade do Comando Sul dos EUA, que abrange a América Central e do Sul, além do Caribe. A intenção, segundo o porta-voz Sean Parnell, é “reforçar e aumentar as capacidades existentes para interromper o tráfico de narcóticos e desmantelar organizações criminosas transnacionais”.
Maduro, por sua vez, afirmou que os EUA estão promovendo o que chamou de “uma nova guerra eterna”. Ele criticou a retórica militar dos EUA, que prometeu não se envolver em mais conflitos durante sua administração. “Eles fabricam uma guerra”, declarou o presidente venezuelano em entrevista à mídia estatal.
A presença do porta-aviões e a possibilidade de ações no solo levantam preocupações sobre um possível ataque direcionado a alvos no território venezuelano. Trump não descartou a opção de um “ato de força em terra”, afirmando que os EUA estão “controlando muito bem o mar” e que em breve atuariam em terra para interromper o tráfico de drogas.
Implicações geopolíticas e reações
A escalação militar dos EUA não apenas levanta questões sobre a legalidade das operações, mas também ecoa por toda a região. Especialistas, incluindo analistas militares, questionam a necessidade de uma força tão robusta para interceptar drogas, sugerindo que essa ação parece mais uma mensagem destinada a intimidar Maduro e dar suporte a uma possível mudança de regime.
Nos últimos dias, o Secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, anunciou que “seis narco-terroristas masculinos” foram mortos em operação na região. As operações aéreas americanas têm sido alvo de condenações na América Latina, especialmente considerando que, de acordo com relatos, os ataques podem estar visando mais a desestabilização política do que o combate efetivo ao tráfico de drogas.
Divisões políticas nos EUA sobre a intervenção militar
Embora haja um consenso em zonas do Congresso dos EUA sobre as preocupações em relação ao tráfico de drogas na Venezuela, tanto republicanos quanto democratas levantaram questões sobre a legalidade das operações. O senador Rand Paul, por exemplo, argumenta que essas ações requerem aprovação do Congresso, ao passo que Trump mantém que possui a autoridade legal para ordenar esses ataques sem tal consentimento.
Brian Finucane, ex-advogado do Departamento de Estado dos EUA, comentou que a situação reflete uma crise constitucional, com o Congresso, dominado por republicanos, relutante em contestar a Casa Branca. “O Congresso dos EUA tem o controle principal sobre o uso da força militar”, afirmou Finucane, destacando a necessidade de um exame crítico das ações atuais do governo.
A tensão crescente entre os EUA e a Venezuela destaca os desafios políticos e militares que a região enfrenta, enquanto Maduro se agarra ao poder e os EUA intensificam suas intervenções. Com a situação se desenrolando, o mundo observa de perto o que poderá ser mais um capítulo conturbado na história das relações entre Estados Unidos e Venezuela.


