Brasil, 31 de outubro de 2025
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Exploração de petróleo na Amazônia contrasta com previsões de queda na demanda global

A autorização para perfuração na Foz do Amazonas ocorre enquanto a IEA projeta queda no consumo de petróleo até 2030, reforçando debates sobre sustentabilidade.

A Petrobras recebeu autorização do Ibama para iniciar, nos próximos meses, perfurações exploratórias na Bacia da Foz do Amazonas, localizada na Margem Equatorial brasileira. O projeto, que deve durar cerca de cinco meses na fase de estudos, poderá resultar na produção comercial de petróleo daqui a aproximadamente dez anos. Entretanto, essa iniciativa ocorre em desacordo com as previsões da Agência Internacional de Energia (IEA), que estima a diminuição da demanda mundial por petróleo a partir de 2030.

Previsões da IEA e cenário global de petróleo

Segundo a IEA, o pico de busca por petróleo deve ocorrer até 2029, seguido por uma queda significativa na demanda global. A previsão indica que, em 2026, o mercado enfrentará um superávit de até 4 milhões de barris por dia, devido ao crescimento acelerado na oferta, que supera a demanda. Essa tendência aponta para uma desaceleração do consumo, impulsionada pelo avanço de fontes de energia mais limpas e pelas políticas globais de combate às mudanças climáticas.

Reservas brasileiras e a contradição com o momento do mercado

O governo brasileiro estima que a Margem Equatorial contenha reservas que permitiriam uma exploração de até 1,1 milhão de barris diários, enquanto o país possui uma reserva comprovada de 16,8 bilhões de barris, suficiente para sustentar a demanda interna até 2030. Na prática, o Brasil exporta metade da produção de petróleo, reforçando a situação de autossuficiência.

Entretanto, essa estratégia contrasta com a visão de especialistas e entidades internacionais. A Petrobras defende a exploração na Amazônia como uma forma de garantir segurança energética e recursos para uma transição energética justa, enquanto a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) aposta em um crescimento contínuo da demanda por petróleo, contrariando os esforços globais de redução de gases de efeito estufa. A China, maior consumidora de petróleo do mundo, investe na eletrificação de sua frota e na diversificação de fontes energéticas.

Impacto da transição energética e controvérsias

O relatório da IEA prevê que, até 2026, o uso de petróleo permanecerá abaixo da média histórica, com ganhos anuais estimados em cerca de 700 mil barris por dia, reflexo do clima macroeconômico mais austero e do avanço da eletrificação no transporte. Assim, a exploração na Foz do Amazonas, especialmente em um momento de intensas discussões ambientais e compromisso com a COP 30, levanta dúvidas sobre sua estratégia e impacto ambiental.

Especialistas alertam que essa decisão reforça uma postura que pode ser vista como antagônica às metas globais de sustentabilidade. A controvérsia aumenta diante do cenário de queda do consumo mundial de petróleo, indicando que essa exploração pode não ser compatível com o futuro energético desejado para o planeta.

Segundo o relatório da IEA, a demanda por petróleo deve declinar significativamente até 2030, obrigando governos e empresas a repensar suas estratégias. Nesse contexto, a iniciativa brasileira na Amazônia concentra debates sobre a necessidade real de seguir ampliando a exploração de um recurso que, no médio prazo, deve perder espaço na matriz energética mundial.

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