O presidente Luiz Inácio Lula da Silva embarcou nesta terça-feira (21) para a Indonésia e Malásia, onde participará da cúpula da ASEAN, e há expectativa de um encontro com Donald Trump, nesta semana. A reunião, que deve ocorrer no domingo, representa um momento decisivo para a relação bilateral após meses de tensões decorrentes de tarifas e disputas comerciais.
Encontro Lula-Trump: sinais de tentativa de reaproximação
Segundo a equipe do Palácio do Planalto, o encontro depende apenas do alinhamento de agendas, mas o objetivo é reequilibrar as relações e discutir a revogação das tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos há dois meses. A expectativa é que as conversas também abordem a postura de Washington quanto à Venezuela e à Colômbia, em um cenário de relações ainda marcadas por recentes diferenças.
Este é o primeiro encontro presencial entre Lula e Trump desde a crise das tarifas americanas contra produtos brasileiros, ocorrida em agosto. Antes, as conversas aconteceram por telefone e na ONU. Analistas avaliam que uma aproximação pode sinalizar uma mudança na política externa brasileira perante os EUA, além de abrir caminhos para negociações comerciais.
Cenário externo: mercados globais em movimento e tensões em destaque
Enquanto isso, as bolsas ao redor do mundo operam em ritmo misto. Nos Estados Unidos, o mercado segue atento à paralisação do governo, que aproxima-se de sua segunda maior duração na história, atrasando dados econômicos importantes, como a inflação de setembro. O discurso de Michael Barr, vice-presidente do Federal Reserve, também reforçará o clima de cautela às 17h.
Nos mercados europeus, o índice pan-europeu STOXX 600 fechou em alta de 0,21%, impulsionado pelo setor de defesa, enquanto os negócios na Ásia seguiram uma tendência de recuperação, com destaque para os índices de Xangai e Tóquio, que avançaram mais de 1%.
O impacto na bolsa e nas moedas brasileiras
Na sessão desta quarta-feira, o dólar iniciou com altas no Brasil, refletindo o cenário interno de ajustes fiscais e pressões externas, acumulando uma queda de 0,28% na semana, mas uma elevação de 1,27% no mês. Este movimento ocorre diante da tentativa do governo de aprovar novas propostas para fechar o orçamento de 2026, após a derrubada da medida provisória que previa taxar investimentos.
Já o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, abriu com valorização de 0,48% na semana, embora registre queda de 1,47% no mês, refletindo a volatilidade dos últimos dias e as incertezas internacionais.
Crise da Ambipar e sinais de instabilidade no mercado brasileiro
A recente crise na Ambipar, que entrou com pedido de recuperação judicial na segunda-feira (20), também influencia o cenário econômico. A empresa, uma das maiores do setor ambiental, enfrenta suspeitas de irregularidades financeiras e saiu do radar de investidores após dificuldades em honrar dívidas bilionárias, agravadas por suspeitas de operações financeiras irregulares realizadas por antigos executivos.
A situação colocou em xeque a confiança no setor de ESG, além de pressionar as ações da companhia no mercado. A crise reforça a necessidade de atenção aos sinais de instabilidade nas empresas brasileiras, especialmente em um momento de ajustes fiscais e tensões políticas internacionais.
Perspectivas futuras e expectativas semanais
O mercado nacional permanece atento às negociações no Congresso, às propostas fiscais em tramitação e ao desenrolar do encontro Lula-Trump, que pode abrir novas janelas de oportunidade no comércio bilateral. Além disso, os investidores monitoram os dados de fluxo cambial e as políticas do Federal Reserve que influenciam o valor do dólar e o crescimento do índice de ações.
