A sucessão de Luís Roberto Barroso no Supremo Tribunal Federal (STF) traz à tona uma nova configuração política no Senado, especialmente em relação às articulações do presidente Davi Alcolumbre (União-AP) e do Palácio do Planalto. A escolha da indicação do advogado-geral da União, Jorge Messias, é vista como um ponto crucial para a governabilidade de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Recentemente, Alcolumbre e Lula tiveram conversas sobre essa indicação, e analistas apontam que, apesar de manter uma posição neutra, o senador não deve torpedear a candidatura de Messias.
A interação entre Alcolumbre e Lula
Na conversa realizada entre Alcolumbre e Lula, ficou claro que o presidente tem em mente a indicação de Messias, enquanto o senador demonstrou preferência pelo seu aliado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Essa dinâmica evidencia as tensões que permeiam o ambiente político. Os aliados de Alcolumbre, assim como os interlocutores de Lula, acreditam que ele não se oporá ativamente à candidatura de Messias, mas também não oferecerá seu suporte para a obtenção dos votos necessários.
Com a situação em andamento, Alcolumbre reencontra-se em uma posição delicada, onde, para não se desgastar com senadores dos grupos centrista e da direita — que preferem Pacheco por considerá-lo “mais ponderado” —, sua postura entra em um equilíbrio. Analistas políticos indicam que Alcolumbre, em sua experiência como ex-presidente do Senado, não tem a intenção de adotar uma postura crítica que possa prejudicar sua imagem dentro do Parlamento.
Desafios para a aprovação de Messias
Apesar do apoio informal que Messias pode receber, há preocupações sobre as dificuldades que ele pode enfrentar durante o processo de aprovação. A comparação com Flávio Dino, atual ministro da Justiça, que passou por um processo de votação apertado no passado, sinaliza um caminho desafiador para a candidatura de Messias. Ele obteve 47 votos a favor e 31 contrários, o que levanta questões sobre o nível de apoio que Messias poderá solidificar durante sua sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado.
A pecha de “novo Dino” também pesa sobre a candidatura de Messias. A resistência que Dino enfrentou, especialmente após suspender pagamentos de emendas que não respeitavam critérios de transparência, se reflete na forma como alguns senadores estão vendo a possível indicação. Diante disso, a estratégia de Alcolumbre se mostra prudente ao não interferir ativamente, mantendo sua posição de aliado do governo, enquanto se resguarda a possibilidade de apoio no futuro.
Articulações de Wagner e o posicionamento de Lula
Jaques Wagner (PT-BA), líder do governo no Senado, é um dos principais articuladores para a aprovação de Messias. Recentemente, após um encontro matinal com Lula, Wagner reafirmou a convicção do presidente na indicação do advogado. Essa movimentação sugere que o Planalto está preparando o terreno para um anúncio formal da indicação em breve. Wagner hinted that Lula deseja conversar novamente com Pacheco, uma ação que reflete a importância que o presidente dá à construção de alianças e ao fortalecimento político em Minas Gerais, estado onde Pacheco deverá ser candidato ao governo em 2026.
O apoio estratégico de Alcolumbre ao governo, mesmo que passivo, é aprofundado por suas movimentações recentes, como a suspensão de vetos que poderia prejudicar o governo nas áreas ambientais. Entretanto, suas ações não devem contrastar com a necessidade de apoio na Casa, onde sua influência é vista como uma moeda de troca entre os interesses do governo e os deles.
Expectativas para a votação
Embora os aliados de Lula trabalhem para garantir a aprovação de Messias, a percepção nos corredores do Senado é de cautela. O engajamento de importantes figuras, como Wagner, demonstra a importância da colaboração entre os grupos políticos para o avigor da legislatura e do Executivo. A expectativa agora gira em torno de como essas negociações se desenrolarão e quais os impactos na relação entre o governo e o Senado nas votações futuras.
As movimentações diárias nas instituições políticas refletem a complexidade da governabilidade e a necessidade constante de articulação. A aprovação de Jorge Messias pode ser um primeiro passo significativo para o governo Lula, especialmente em um cenário onde estabilidade e confiança são ativas no jogo político.
