Às vésperas da COP30, que ocorre em novembro em Belém do Pará, a Cáritas Brasileira dá início ao lançamento de uma série de produções audiovisuais voltadas para as realidades e os desafios climáticos enfrentados pelas comunidades tradicionais da Amazônia e de outros biomas do Brasil. Esses curtas visam amplificar as vozes sobre justiça socioambiental e a necessidade de ações efetivas diante das emergências climáticas.
Produções audiovisuais como ferramenta de mobilização
Valquíria Lima, diretora executiva da Cáritas Brasileira, destaca que as produções audiovisuais têm a missão de sensibilizar e mobilizar a sociedade em torno da defesa de territórios e da urgência das ações climáticas. “Nossas iniciativas reforçam o compromisso com políticas públicas que coloquem a vida e a dignidade humana no centro das decisões que afetam o planeta”, explica.
O lançamento dos conteúdos ocorrerá nas plataformas digitais da Cáritas Brasileira, especialmente no YouTube. O primeiro curta-metragem, intitulado Por um Clima de Justiça Socioambiental, já está disponível. Este curta foi desenvolvido com o apoio de entidades como a Cáritas França e a Agence Française de Développement (AFD) e reflete sobre como as mudanças climáticas impactam as comunidades ribeirinhas e indígenas.
Contexto das mudanças climáticas na Amazônia
Com a COP30 sendo realizada na Amazônia, a responsabilidade de gerar um legado tangível para a região torna-se ainda mais premente. O curta-metragem, que emerge desse contexto, não apenas documenta mudanças, mas também convida a uma reflexão crítica e mobilização. A obra destaca que a luta contra a emergência climática vai além da preservação ambiental – envolve também o enfrentamento das desigualdades sociais e raciais, garantindo que as vozes dos povos amazônicos sejam ouvidas.
A série, composta por cinco animações em 2D, terá vídeos de cerca de dois minutos e meio que abordam questões críticas relativas à justiça socioambiental no Brasil, com foco especial na participação da Cáritas na COP30. Os temas discutidos vão desde as intensas chuvas e desastres naturais no Sul até os desafios enfrentados na consulta a comunidades do Norte sobre grandes empreendimentos, passando pelas consequências da mineração no Sudeste e falando sobre a transição energética justa no Nordeste.
Uma iniciativa abrangente e colaborativa
O projeto Amazônia Bem Viver: Comunidades Resilientes, que está sendo desenvolvido desde 2024 com o apoio de várias Cáritas latino-americanas e do Centro de Ação Social (CEAS) no Peru, busca consolidar um espaço de formação, mobilização e defesa de direitos na Amazônia. Essa colaboração internacional tem se mostrado vital para proteger as comunidades locais e facilitar a troca de conhecimentos e experiências sobre práticas sustentáveis.
Financiado pelo Ministério Federal Alemão de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (BMZ), o projeto fortalece os esforços das comunidades amazônicas para defender seus territórios e promover ações concretas contra as mudanças climáticas e a perda de biodiversidade.
Durante a COP30, um vídeo institucional que aborda os resultados do projeto também será lançado, apresentando as histórias de vida e os depoimentos de membros das comunidades envolvidas, reforçando a urgência de escutar suas demandas e necessidades.
Convite à ação coletiva
As produções audiovisuais da Cáritas Brasileira são um convite à ação coletiva por um futuro mais sustentável e justo. Elas conscientizam sobre a interconexão entre clima, desigualdade e direitos humanos, mobilizando a sociedade civil para que tome parte ativa na busca de soluções para os problemas que afetam as comunidades tradicionais. “As vozes que muitas vezes são silenciadas precisam ser ouvidas em qualquer decisão que tenha impacto no meio ambiente e nas suas vidas”, conclui Valquíria Lima.
Essas iniciativas demonstram não apenas o empenho contínuo pela justiça climática, mas também a importância de fazer com que as decisões que moldam o futuro do planeta sejam construídas de forma conjunta, levando em consideração as realidades e os direitos dos povos da Amazônia.