Na manhã desta segunda-feira, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou a nomeação do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) como novo ministro da Secretaria-Geral da Presidência. A pasta, que desempenha um papel crucial na articulação do governo com os movimentos sociais, será agora liderada por Boulos, que substituirá o ex-deputado Márcio Macêdo (PT-SE), no cargo desde janeiro de 2023.
A nova missão de Boulos
Com a proximidade das eleições do próximo ano, a principal tarefa de Boulos será aproximar os movimentos sociais do governo. Logo após o anúncio de sua nomeação, o novo ministro expressou em suas redes sociais que a missão recebida de Lula é “colocar o governo na rua”, estabelecendo um contato mais direto com a população.
“Minha principal missão será ajudar a colocar o governo na rua, levando as realizações e ouvindo as demandas populares em todos os estados do Brasil,” afirmou Boulos. Com uma forte trajetória como líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), ele enfatizou que trará essa “escola” e aprendizado ao Palácio do Planalto.
Expectativas em relação ao novo cargo
O presidente Lula espera que Boulos consiga engajar as entidades sociais em pautas do governo e que estas mobilizem suas bases para disseminar as iniciativas federais. Durante a campanha presidencial, os movimentos sociais foram vistos como potenciais aliados, capazes de atuar como cabos eleitorais, algo que não se concretizou plenamente na gestão anterior.
Márcio Macêdo, que permaneceu à frente da Secretaria-Geral por quase três anos, foi considerado por muitos como alguém que não conseguiu deixar sua marca na pasta. Internamente, havia críticas sobre sua atuação, e ele foi alvo de um fogo amigo que questionava sua pouca visibilidade e ação em um espaço tradicionalmente proativo nos governos petistas.
Desafios e compromissos políticos
Um dos principais desafios que Boulos encontrará em sua nova função é a negociação de regras para trabalhadores de aplicativos, uma promessa de campanha de Lula em 2022 que ainda não foi cumprida. Esse tema é crucial, considerando o crescimento dessas plataformas no Brasil e a necessidade de proteção e regulação para esses trabalhadores.
O novo ministro possui uma história longa e próxima ao presidente desde a década anterior. Ele esteve ao lado de Lula durante momentos críticos, como sua prisão em 2018, e sempre se mostrou um defensor fervoroso do ex-presidente. No passado, Boulos foi candidato à presidência pelo PSOL e, ainda que não tenha sido bem-sucedido, conseguiu conquistar espaço no cenário político. Ele já se candidatou a prefeito de São Paulo e, mesmo enfrentando derrotas, obteve significativo apoio na cidade.
O futuro da pasta com Boulos
A expectativa é que Boulos permaneça no cargo até o fim do terceiro mandato de Lula, em dezembro de 2024. Isso implica que ele não deve se candidatar nas eleições de 2026, o que deixará o PSOL em busca de novas lideranças em São Paulo para manter sua relevância no Congresso. Essa conjuntura apresenta um cenário de desafios e oportunidades, onde Boulos terá que equilibrar sua atuação para atender às demandas da população e, ao mesmo tempo, fortalecer a relação do governo com os movimentos sociais.
O novo ministro vem com uma bagagem rica em experiências e um histórico de luta em defesa dos direitos sociais, o que certamente será fundamental para seu trabalho na Secretaria-Geral. Nossa expectativa é que ele consiga fazer valer sua missão de aproximar o governo das demandas populares em um período eleitoral crítico para o Brasil.