Um levantamento inédito do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV Ibre) revelou que Minas Gerais, Santa Catarina e São Paulo foram os estados mais afetados pelas tarifas impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros. Os dados foram obtidos com exclusividade pela GloboNews e mostram uma redução significativa nas exportações para o país norte-americano em setembro de 2025 em relação ao mesmo período de 2024.
Perdas acrescidas após o aumento das tarifas
De acordo com o estudo, Minas Gerais lidera as perdas, com uma queda de US$ 236 milhões (R$ 1,2 bilhão) nas exportações para os EUA em um ano. Santa Catarina e São Paulo também sofreram impactos expressivos, com reduções de aproximadamente US$ 95,9 milhões (R$ 515 milhões) e US$ 94 milhões (R$ 505 milhões), respectivamente. Outros Estados, como Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro e Paraná, também apresentaram quedas relevantes.
Antecipação das exportações e efeito do tarifão
Os pesquisadores explicam que, antes da entrada em vigor oficial do tarifaço em 6 de agosto, houve uma antecipação das exportações na tentativa de fugir das cobranças. Ainda assim, a análise revela que a redução nas exportações brasileiras para os EUA foi severa, especialmente em Estados com maior concentração de produtos tarifados — como carne, madeira, frutas, peixes e mel.
Impactos em proporções e setores
As quedas percentuais mais acentuadas ocorreram em Estados como Mato Grosso (81%), Tocantins (74,3%) e Alagoas (71,3%). Apesar de proporcionalmente menores, as perdas em dólares tiveram impacto direto na receita, empregos e atividade econômica local. Estados com maior volume de exportação, como Minas Gerais, acabaram sofrendo perdas financeiras mais elevadas.
Produtos isentos ajudaram a mitigar efeitos
Importantes setores com produtos isentos da tarifa tiveram desempenho positivo. Em São Paulo, por exemplo, itens como aviões, suco de laranja e óleos leves cresceram mais de 14% em relação ao ano anterior, efeito também observado na Bahia. Essa diversificação ajudou a balancear os efeitos do tarifaço na economia local.
Recomendações para futuro
O estudo do FGV Ibre destaca a importância de diversificar produtos e mercados de exportação para diminuir vulnerabilidades frente a choques internacionais. Além disso, reforça a necessidade de fortalecer a internacionalização das economias regionais, a fim de aumentar a participação no comércio exterior e diminuir o impacto de eventuais tarifações externas.
Visão otimista com compensações
O pesquisador Flávio Ataliba afirma que o impacto do tarifaço pode ter sido menor do que o previsto, devido ao aumento nas exportações de produtos isentos na cadeia produtiva. “Isso traz uma lição importante: diversificar é fundamental para reduzir vulnerabilidades”, avalia.
Segundo a análise, as vendas para outros países também contribuíram para atenuar o efeito do tarifaço, mitigando o impacto sobre a arrecadação e o emprego nas regiões mais afetadas. O estudo reforça a necessidade de estratégias mais robustas de inserção internacional dos estados brasileiros.
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