Brasil, 21 de outubro de 2025
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Ex-integrante do CNPS denuncia fraudes no INSS em CPI

Durante depoimento, Tonia Galleti revelou denúncias sobre fraudes que envolvem descontos indevidos em aposentadorias.

A ex-integrante do Conselho Nacional de Previdência Social (CNPS), Tonia Galleti, fez declarações alarmantes nesta segunda-feira (20) durante seu depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do INSS. Galleti, que também é coordenadora do departamento jurídico do Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos (Sindnapi), revelou que, desde 2019, vinha denunciando autorizações indevidas de descontos associativos a aposentados e pensionistas, sem que as devidas providências fossem tomadas.

Alerta desde 2019

Em sua fala, Tonia enfatizou que as fraudes foram alertadas em diversas ocasiões a autoridades do Ministério da Previdência e do INSS. “Eu já estava alertando desde 2019 essas ocorrências. Em todas as oportunidades, seja em reuniões com diretores ou ministros, eu dizia: ‘tem jabuti na árvore’”, afirmou Galleti. A ex-integrante explicou que recebeu queixas de associados sobre abordagens indevidas de outras entidades que, sem autorização, alteravam suas associações, causando confusão e prejuízo financeiro.

“Os sócios reclamavam de que, ao tentarem utilizar benefícios como farmácias conveniadas, descobriram que não eram mais membros do Sindnapi, mas de outra instituição, muitas vezes desconhecida”, detalhou Galleti, acrescentando que até diretores do sindicato foram alvos de transferências fraudulentas de associação.

Crescimento exponencial de descontos

Um novo estudo da Polícia Federal revelou um aumento alarmante nos descontos associados, que dispararam de 18.690 em 2019 para 1,4 milhão em 2024, representando um crescimento de 77 vezes em apenas cinco anos. Tonia buscou incluir a pauta de investigação desse fenômeno em uma reunião de 2023, mas o tema não foi discutido, o que gerou ainda mais desconfiança sobre a eficácia do CNPS em abordar fraudes.

“Alertamos sobre o fato de que diversas entidades estavam atuando de forma inadequada e era crucial investigar se essas associações possuíam a documentação adequada,” afirmou.

A CPI está investigando especificamente as parcerias que têm sido feitas e o papel do ex-ministro da Previdência, Carlos Luppi, que estava presente em reuniões onde os alertas foram feitos. Galleti mencionou que algumas providências foram tomadas, embora os detalhes ainda sejam nebulosos.

Denúncia sobre a CMG e o Sindnapi

O relator da CPI, Alfredo Gaspar, fez questionamentos sobre o alto crescimento do número de associados do Sindnapi após uma parceria com a corretora de seguros CMG, que estaria ligada ao Banco BMG. Esta associação é um dos focos da investigação por suspeitas de fraudes que resultaram na arrecadação de R$ 600 milhões.

“Antes, o Sindnapi estava estagnado, mas a parceria trouxe um crescimento repentino e em um ritmo alucinado,” disse Gaspar, revelando que os descontos automáticos muitas vezes eram feitos sem autorização dos beneficiários.

Galleti defendeu as práticas do sindicato, afirmando que seu crescimento foi orgânico e dentro da legalidade. “O sindicato nunca fraudou documentos, crescemos 4% ao mês. Outras entidades surgiram da noite para o dia, sem um histórico claro,” explicou Tonia, desqualificando as comparações feitas pelo relator.

Implicações e defesas pessoais

A própria Tonia foi alvo de questionamentos sobre transações financeiras envolvendo sua família. O relator alegou que familiares receberam mais de R$ 20 milhões, o que ela refutou, afirmando que todos os pagamentos foram pelos serviços prestados e dentro das normas legais. “Estamos em um cenário onde o mensageiro é atacado por ser a voz da denúncia. Precisamos proteger aqueles que se manifestam contra a corrupção,” aconselhou.

“Vocês estão matando o mensageiro e retirando a coragem dos cidadãos de denunciar. Fico indignada quando tentam associar meu nome a fraudes,” concluiu Galleti, ressaltando a necessidade de verdadeira justiça.

Além de Galleti, a CPMI já convocou o ex-presidente da Amar Brasil Clube de Benefícios (ABCB), Felipe Macedo Gomes, para depor. Ele é identificado como operador de esquemas fraudulentos que movimentaram mais de R$ 1,1 bilhão entre 2022 e 2024, destacando a gravidade do problema enfrentado no controle de associados e operações executadas pelo INSS.

À medida que a CPMI avança, as revelações de Tonia e a investigação em curso prometem trazer à tona mais informações sobre como essas fraudes conseguiram proliferar e quais medidas efetivas serão tomadas para proteger os idosos e beneficiários do sistema previdenciário.

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