Uma reviravolta política ocorreu em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, com a decisão do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) de anular a eleição da Mesa Diretora da Câmara Municipal, realizada de forma antecipada em junho de 2025. A medida foi confirmada nesta segunda-feira (20), após pedido do vereador Igo Alencar de Menezes, que contestou a legitimidade do processo eleitoral direcionado por Markinho Gandra (União Brasil), então presidente da Câmara.
Decisão do TJRJ e suas implicações
A liminar concedida pelo juiz Nilson Luis Lacerda, titular da 2ª Vara Cível da Comarca de Belford Roxo, atestou que a antecipação das eleições, agendada para o biênio 2026-2027, violava os princípios constitucionais do processo democrático e republicano. O juiz argumentou que a eleição foi adianta em mais de seis meses, fato que compromete a alternância de poder e a legitimidade do processo.
O ministro André Mendonça, do Supremo Tribunal Federal (STF), também salientou que a reeleição de Gandra para um novo mandato em tão pouco tempo não era apropriada, configurando uma terceira recondução consecutiva, o que é vetado pela Corte. Em nota, a Câmara Municipal e o vereador Gandra afirmaram que ainda não foram oficialmente notificados da decisão judicial.
Implicações políticas e a nova liderança interina
Com o afastamento de Gandra, a presidência da Câmara foi temporariamente assumida por Nuna (PSD), que ocupava o cargo de primeiro vice-presidente. Esta transição é vista como uma oportunidade para restaurar a ordem política local e alinhar as expectativas de governança em Belford Roxo. O juiz Lacerda enfatizou que manter a eleição “de forma precária” poderia abalar a segurança jurídica e a estabilidade político-institucional da cidade.
Histórico de controvérsias
A Câmara Municipal de Belford Roxo tem um histórico de polêmicas. Em julho, a Justiça do Rio já havia suspendido a eleição antecipada da presidência, após um mandado de segurança apresentado por Igo Alencar, o único parlamentar de oposição a Gandra. Desde então, a decisão de antecipar as eleições e realizar processos em desacordo com as normas estabelecidas geraram tensões dentro da Casa Legislativa.
Reação à anulação da eleição
A anulação total da eleição antecipada deve causar reações variadas entre os vereadores e a população. A gestão de Gandra não foi isenta de críticas, principalmente quanto à falta de transparência em ações administrativas e à rápida duplicação de salários dos vereadores, mesmo em meio a uma grave crise financeira da cidade.
Durante seu mandato, Gandra também encontrou dificuldades com o Tribunal de Contas do Estado e o Ministério Público, que apontaram irregularidades na gestão de recursos públicos e na transparência de dados referentes aos salários dos assessores nomeados. A previsão é de que uma nova eleição ocorra apenas a partir de outubro, conforme entendimento do STF.
Expectativas para o futuro político de Belford Roxo
Com a saída de Markinho Gandra, busca-se estabelecer um novo rumo para a Câmara Municipal, onde a figura de Nuna poderá trazer uma nova perspectiva política em um ambiente frequentemente envolto em controvérsias. A expectativa agora se volta para como essa mudança impactará a gestão legislativa e as políticas que afetam os cidadãos de Belford Roxo.
O tumulto na eleição de Gandra em 2023, que foi marcada por escândalos de invasão durante a votação, ilustra a necessidade de um ambiente político mais saudável e transparente. Assim, o desafio para os novos lideres será garantir que processos democráticos sejam respeitados e que a população tenha confiança na gestão de suas representações. A continuidade do acompanhamento pelas instituições judiciais também será crucial para o fortalecimento da democracia na cidade.
As próximas semanas serão decisivas para determinar os próximos passos da Câmara Municipal de Belford Roxo, e como essas mudanças influenciarão a política local nos meses e anos vindouros.