Brasil, 20 de outubro de 2025
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Mercados emergentes vivem cenário “Goldilocks” em 2025

As ações e títulos de países emergentes registram alta de até 28%, o melhor resultado em 15 anos, em um cenário considerado “cachinhos dourados”.

Os mercados emergentes vivem, em 2025, o que o mercado financeiro chama de cenário “Goldilocks” — uma conjuntura “na medida certa” que favorece o desempenho de suas ações e títulos. Desde janeiro, esses ativos acumulam uma alta de 28%, o melhor resultado em 15 anos, enquanto os mercados desenvolvidos apresentam ganhos abaixo de 17%, segundo o índice do Morgan Stanley.

O protagonismo indireto dos emergentes na atual conjuntura

Apesar de serem os principais beneficiados, os países em desenvolvimento não ocupam o papel de protagonistas nessa história, segundo o estrategista macro da XP Investimentos, Victor Scalet. Ele explica que, na verdade, o protagonismo vem dos Estados Unidos, de forma involuntária.

Reviravolta na percepção do mercado

— Desde a eleição de Donald Trump até o “Dia da Libertação”, em abril, acreditava-se que os EUA fortaleceriam a produção doméstica e imporiam tarifas ao resto do mundo, o que ocorreu de forma diferente — relembra Scalet. — O efeito foi o contrário ao esperado, pois os investidores começaram a retirar recursos dos EUA para outros países.

Impactos do movimento e o fim do ciclo de fortalecimento do dólar

De acordo com Caio Megale, economista-chefe da XP, essa mudança de percepção foi um movimento em duas etapas. No primeiro semestre, a volatilidade de Trump e a incerteza em relação ao Federal Reserve geraram uma saída de capital dos EUA, enquanto os demais mercados, inicialmente, se beneficiaram.

— Com o tempo, o mercado percebeu que o crescimento econômico e a situação fiscal na Europa e Japão também não eram melhores do que nos EUA, levando a uma nova avaliação — explica Megale. — Assim, o dólar perdeu força, e a transferência de recursos para emergentes se intensificou, sobretudo após o Fed reduzir juros.

Força dos ativos e o papel do real

O diferencial de juros e o carry trade — estratégia de se beneficiar da diferença de juros entre países — reforçam a entrada de recursos estrangeiros no Brasil. Desde o fim do ano passado, o real vem seguindo de perto a dinâmica de outras moedas emergentes, após uma recuperação inicial no começo de 2024.

— O real passou a se mover quase em perfeita sintonia com um grupo de 20 moedas emergentes, sem grandes fatores internos influenciando o câmbio — afirma Scalet. — Hoje, o Brasil é considerado uma das melhores moedas para quem busca a estratégia de carry trade, que se beneficia da diferença de juros elevadas e da valorização cambial.

Perspectivas futuras e riscos externos

Segundo especialistas, embora essa conjuntura não seja totalmente sólida, ela deve permanecer no curto prazo, dependendo do comportamento do dólar. O cenário externo, com a desaceleração de países como China, Europa e Japão, favorece a permanência dessa dinâmica.

— Apesar das turbulências internas, o cenário externo continua sendo favorável ao Brasil e outros emergentes, graças às taxas de juros elevadas e ao diferencial de crescimento — avalia Megale. — Contudo, uma mudança na política do Federal Reserve ou na dinâmica do dólar pode alterar esse panorama rapidamente.

Para Scalet, o caso brasileiro reforça a atratividade do país como destino de investimentos em uma estratégia de maior risco, devido ao diferencial de juros e ao câmbio favorável, mesmo que o cenário global seja instável.

Mais detalhes sobre esse cenário e suas implicações podem ser encontrados em este artigo.

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