Uma equipe de pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) em Ribeirão Preto (SP) fez uma descoberta inovadora para a degradação de substâncias tóxicas presentes na água. A pesquisa revelou um método capaz de remover até 92% de resíduos de bisfenol A (BPA), uma substância amplamente utilizada na fabricação de plásticos e que está associada a diversos problemas de saúde, incluindo câncer e desregulação hormonal.
Os perigos do bisfenol A
O bisfenol A é encontrado em uma variedade de produtos do cotidiano, como garrafas plásticas, potes e revestimentos de latas. Embora confere resistência e transparência ao plástico, a exposição a altas temperaturas ou o descarte inadequado pode levar à contaminação de alimentos e bebidas. Isso levanta preocupações sobre o consumo, já que a contaminação se dá principalmente pela ingestão de água ou alimentos que entraram em contato com o composto. O toxicologista Daniel Junqueira Dorta alerta que essa substância pode desregular os hormônios e aumentar o risco de doenças como o câncer de mama.
Desafios da destinação do plástico e soluções inovadoras
A preservação do meio ambiente se tornou um desafio crítico, especialmente em relação ao descarte do plástico. Em resposta a essa problemática, os pesquisadores da USP concentraram seus esforços em desenvolver um método eficaz de remoção do BPA da água. O estudo foi publicado na revista *International Journal of Environmental Science and Technology* e está em sintonia com uma crescente preocupação sobre a contaminação ambiental por substâncias químicas.
Como o método inovador funciona
A abordagem da pesquisa combina tratamentos enzimáticos e eletroquímicos. Na primeira etapa, as enzimas derivadas de fungos iniciam a degradação do BPA, fragmentando suas moléculas em partes menores. Em seguida, o tratamento eletroquímico utiliza a corrente elétrica para gerar partículas que finalizam a degradação, transformando os fragmentos em compostos menos tóxicos e biodegradáveis.
Efeitos dos tratamentos combinados
De acordo com o pesquisador João Carlos de Souza, um dos autores do estudo, essa combinação se mostra extremamente eficaz. “Separadamente, o tratamento químico é capaz de eliminar cerca de 10% do BPA e o enzimático, aproximadamente 35%. No entanto, ao unir os dois métodos, foi possível alcançar a impressionante taxa de 92% de remoção em apenas duas horas”, explica Souza.
Próximos passos da pesquisa
Apesar dos resultados promissores em laboratório, a equipe da USP está ciente de que ainda há trabalho a ser feito. A próxima fase envolve testar a eficácia do método em cenários reais, como em estações de tratamento de água e esgoto. A professora Adalgisa Rodrigues de Andrade, também parte do Departamento de Química da USP, informou que a água tratada apresentava níveis seguros para descarte no meio ambiente.
Possibilidades futuras
“Demonstramos a capacidade de transformar uma substância altamente tóxica em compostos com baixo risco ambiental. Nosso próximo objetivo é ampliar os testes para volumes maiores e avaliar a viabilidade do método nas estações de tratamento”, afirma Andrade. Este avanço não só representa uma esperança significativa para a descontaminação de fontes hídricas, mas também para a mitigação dos riscos à saúde pública causada por resíduos plásticos.
Com essa pesquisa, os cientistas da USP oferecem uma solução promissora para um problema ambiental global, ressaltando a importância de inovações científicas na luta contra a poluição. O impacto potencial na saúde pública e na preservação do meio ambiente é inegável, e a comunidade espera ansiosamente pelos desdobramentos futuros dessa pesquisa.
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