A economia chinesa provavelmente cresceu 4,7% no terceiro trimestre, abaixo dos 5,2% registrados no trimestre anterior, segundo estimativas do Bloomberg. Apesar do forte desempenho das exportações, indicadores mostram uma desaceleração devido às tensões comerciais com os Estados Unidos e à fraqueza nos investimentos internos.
Exportações recordes e desaceleração econômica
As exportações chinesas continuam a atingir recordes, impulsionadas pelas ondas de exportações baratas decorrentes das tarifas impostas pelos EUA durante o governo Trump. No entanto, o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) mostra sinais de desaceleração, com dados que devem ser divulgados na próxima semana pelo Escritório Nacional de Estatísticas da China indicando uma expansão de 4,7% no terceiro trimestre.
Conforme especialistas, essa desaceleração reflete a fragilidade dos investimentos, na produção industrial e nas vendas no varejo. Os dados indicam que as vendas no varejo cresceram cerca de 3% em setembro, enquanto a produção industrial subiu 5%, ambos os resultados mais fracos do ano.
Impactos internos e desafios estruturais
Os investimentos em ativos fixos devem ter estagnado nos primeiros nove meses de 2025, após uma queda contínua desde maio. Apesar do aumento no volume de empréstimos do governo para sustentar o gasto das autoridades locais, as apostas externas não têm sido suficientes para compensar a retração no setor imobiliário e na produção industrial.
A presença de tensões comerciais com os EUA, além da queda nos investimentos em habitação, prejudica a recuperação da economia chinesa. O governo tem realizado gastos públicos em infraestrutura, porém esses esforços ainda não compensaram a desaceleração de setores-chave.
Medidas e perspectivas futuras
A China vem negociando novas discussões comerciais com os EUA, buscando estabelecer acordos que possam aliviar as tensões. Segundo fontes próximas, uma reunião entre representantes dos dois países está prevista para esta semana, com foco na reativação do comércio bilateral.
Por outro lado, os investimentos estrangeiros diretos caíram quase 13% nos primeiros oito meses de 2025, marcando uma possível trajetória de três anos consecutivos de retração nesse indicador, que reflete a insegurança global e as dificuldades internas.
Desafios estruturais e recomendações internacionais
O Fundo Monetário Internacional (FMI) destacou que a China enfrenta obstáculos que vão além de choques temporários, incluindo uma crise prolongada no setor imobiliário, deflação e desigualdades internas. A entidade sugere uma reorientação da política econômica, focando no consumo interno e na redução do superávit externo.
Especialistas alertam que o cenário exige uma estratégia de reequilíbrio, incluindo medidas fiscais voltadas ao aumento do gasto social e ao estímulo ao setor imobiliário, além de uma maior atenção às políticas industriais para evitar uma crise de dívida e deflação, que podem afetar a estabilidade global.
Futuro próximo e impactos globais
As decisões tomadas na próxima reunião do Partido Comunista podem definir o rumo da economia chinesa até 2030. A preocupação internacional é que os atuais obstáculos profundos possam prolongar o período de desaceleração, afetando os mercados globais, especialmente o comércio internacional e as cadeias de suprimentos.
Enquanto isso, o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, deverá se reunir com o vice-primeiro-ministro chinês, He Lifeng, para discutir a questão das terras-raras, após a China anunciar novas restrições às exportações desses materiais estratégicos—uma medida que reforça a complexidade das relações comerciais entre as duas maiores economias do mundo.