A cidade de Colina, no interior de São Paulo, vive momentos de tensão e indignação após a revelação de uma série de denúncias de assédio a crianças e adolescentes no transporte escolar. O caso que ganhou repercussão envolve um motorista de 68 anos, identificado como José Antonio Mamprim, apelidado de “Careca”, que foi preso temporariamente no dia 9 de outubro, logo após as primeiras queixas serem formalizadas junto às autoridades. Com uma população de 18 mil habitantes, a cidade se vê agora mobilizada para lidar com essa grave situação.
Investigação em andamento
As denúncias não são novas. Entre os relatos, existem queixas que datam de cerca de uma década atrás, levando a Polícia Civil a investigar não apenas a atuação de Mamprim, mas também a possible extensão de seus atos ilícitos. Os relatos apontam que muitas das vítimas eram estudantes da zona rural, dependentes do transporte escolar para chegar à escola. O inquérito está sendo conduzido com a esperança de que novas vítimas se apresentem e contribuam com informações que possam fortalecer o processo.
Como o caso se desenrolou?
Uma das vítimas, uma adolescente de 12 anos, foi a responsável por trazer o caso à tona. Ela escreveu uma carta à professora, revelando os abusos sofridos durante o ano de 2024. Esse relato desencadeou uma série de ações que resultaram na notificação do Conselho Tutelar e, posteriormente, da Polícia Civil. A partir daí, os investigadores iniciaram uma escuta especializada, sempre com a presença de um profissional de psicologia para oferecer suporte às jovens envolvidas.
O perfil das vítimas
As vítimas foram identificadas como meninas a partir dos 12 anos, entre elas uma que é surda. Os relatos indicam que os abusos ocorriam especialmente com aquelas que eram deixadas por último no transporte, ficando sozinhas com o motorista. Segundo a primeira adolescente que denunciou, os assédios começaram com elogios e comentários inapropriados, evoluindo para toques indesejados e até uma situação em que o motorista forçou um beijo. Essas situações deixaram marcas profundas nas vítimas, com algumas apresentando mudanças significativas de comportamento e necessitando de acompanhamento psicológico.
Situação do motorista e próximos passos da investigação
José Antonio Mamprim foi preso após um mandado de prisão temporária de 30 dias, e a polícia justificou a necessidade da detenção com base na gravidade das denúncias e no risco de que continuasse a abusar de suas vítimas ou comprometer as investigações se estivesse em liberdade. Até a última atualização, o motorista não havia sido interrogado oficialmente e não se conhecia a defesa que tinha sido constituída.
O delegado Guilherme Carvalho de Oliveira informou que novas provas e depoimentos ainda são esperados, essenciais para concluir o inquérito que investiga o crime de estupro de vulnerável. O inquérito deve resultar no indiciamento do motorista e há possibilidade de um pedido de prisão preventiva, caso sejam encontrados mais indícios que fortaleçam as acusações.
Impacto na comunidade
As repercussões do caso vão além das vítimas e suas famílias. Mães que confiavam o transporte de seus filhos a Mamprim expressaram sua revolta e indignação. Algumas delas afirmaram que o motorista era tratado como parte da família, o que torna a situação ainda mais traumática. A confiança depositada em alguém que se apresenta como cuidador e responsável foi quebrada, levando a um clima de desconfiança entre os pais da cidade.
A Polícia Civil tem se empenhado para garantir que todos os casos de assédio sejam efetivamente apurados e que a Justiça seja feita. A comunidade de Colina, devastada pela revelação dos abusos, se une para apoiar as vítimas e suas famílias, esperando que episódios como este não voltem a se repetir.
Com informações ainda em apuração e custos emocionais para as vítimas, o caso deve continuar em foco na mídia e em discussões sobre segurança e proteção de crianças e adolescentes.
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