A OpenAI, criadora do ChatGPT, está realizando uma corrida acelerada por chips que somam centenas de bilhões de dólares, valores que superam sua receita atual e geram preocupação entre investidores. A estratégia visa suportar seu ambicioso plano de investimento em IA, com previsão de gastar US$ 1 trilhão nos próximos cinco anos.
Investimento bilionário em componentes de alta potência
Nos últimos meses, a empresa assinou acordos com Nvidia, AMD e Broadcom para adquirir processadores que totalizam pelo menos 10 milhões de unidades, o que exige uma produção elétrica equivalente à de mais de vinte reatores nucleares, segundo analistas. Gil Luria, da consultoria financeira D.A. Davidson, afirmou que “eles vão precisar de centenas de bilhões de dólares para cumprir essas obrigações”.
Para sustentar essa demanda, a OpenAI firmou parcerias que envolvem até operações de financiamento circular, em que fornecedores oferecem chips como garantia de pagamento futuro, uma prática considerada pouco saudável por especialistas. A Nvidia, por exemplo, comprometeu-se a adquirir US$ 100 bilhões em ações da própria OpenAI ao longo de vários anos, absorvendo parte do custo dos componentes.
Desafios financeiros e perspectivas de crescimento
Apesar do esforço financeiro monumental, a OpenAI prevê gerar cerca de US$ 13 bilhões em receita em 2024, mas mantém previsão de não obter lucro antes de 2029. A empresa perde dezenas de bilhões anualmente, e analistas alertam que o capital levantado, mesmo com o apoio de gigantes como Nvidia, não será suficiente para cobrir todos os custos.
Conforme relato de Greg Brockman, cofundador da OpenAI, a empresa trabalha com “diferentes mecanismos” de financiamento, sem detalhes específicos. A companhia prefere evitar comentários públicos sobre o tema, enquanto seus parceiros, Nvidia, AMD e Broadcom, ainda não explicaram as modalidades de pagamento.
Cenário de bolha e riscos de sustentabilidade
Especialistas de mercado discutem se essa corrida pode configurar uma bolha especulativa semelhante àquelas ocorridas na internet na década de 1990. Josh Lerner, professor de Harvard, pondera que desta vez a demanda por IA é “muito real”, mas questiona: “Como se equilibra esse potencial com a natureza especulativa desses fluxos de caixa?”
Wall Street mantém otimismo, apostando fortemente na tecnologia, apesar das incertezas. Analistas alertam que, para sustentar o crescimento, a OpenAI poderá precisar recorrer a veículos financeiros inovadores ou a empréstimos que utilizem chips como garantia, estratégia já adotada por Nvidia e concorrentes como xAI.
Perspectivas e riscos futuros
Com uma avaliação de mercado atualmente em US$ 500 bilhões, a empresa deve enfrentar desafios para equilibrar sua ambição com a sustentabilidade financeira. O CEO Sam Altmané, sob os olhares atentos do mercado, pode estar à beira de decisões que definirão seu percurso: avançar com o risco de uma bolha ou ajustar suas estratégias de financiamento.
Enquanto isso, o cenário de investimento na IA continua a ser marcado por uma disputa bilionária por recursos e por uma intensa especulação sobre o futuro dessa tecnologia revolucionária. O debate sobre os riscos e benefícios dessa corrida já virou tema de análise de especialistas e investidores ao redor do mundo.
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