No último dia 17 de outubro, um grave acidente na BR-423, entre os municípios de Paranatama e Saloá, no Agreste de Pernambuco, resultou na morte de 17 pessoas. O motorista do ônibus envolvido, identificado como Divanir Rodrigues Rocha Júnior, um dos poucos sobreviventes do trágico evento, declarou que pretende abandonar a profissão devido ao constrangimento e trauma causado pela tragédia.
O acidente
O acidente ocorreu em um trecho conhecido como Serra dos Ventos, onde o ônibus de turismo transportava mais de 30 passageiros. Segundo informações da Polícia Rodoviária Federal (PRF), o condutor perdeu os freios do veículo enquanto descia a serra, o que resultou em uma manobra descontrolada que levou o ônibus a colidir com um barranco após invadir a contramão.
Em um depoimento emocionado, Divanir descreveu o momento do acidente: “O carro vinha em uma velocidade normal, o freio bom, o carro bom. O carro perdeu o freio, não sei se estourou uma mangueira, não sei o que foi”, afirmou ao Comando Policial.
A dinâmica do acidente foi dramática. Após a colisão inicial, Divanir conseguiu manobrar o veículo de volta à pista correta, mas não teve tempo suficiente para evitar outra colisão com um barranco de areia, levando ao tombamento completo do ônibus. A tragédia deixou um saldo devastador, com 17 passageiros mortos e vários feridos.
Sobrevivência e traumas
Divanir, apesar das feridas, conseguiu sair do veículo tombado e pediu socorro. “Fiquei gritando, gritando. Consegui sair rapidinho”, recordou o motorista. A experiência traumática o marcou profundamente, e ele expressou sua impotência diante da situação, afirmando: “Eu fico muito triste, nunca passei por isso. É muita tristeza, eu vou abandonar o serviço. Parei. É muito constrangimento”.
Identificação das vítimas
De acordo com a Secretaria de Defesa Social (SDS), dos 17 corpos, 10 foram levados para o Instituto de Medicina Legal (IML) de Caruaru, no Agreste, e seis foram enviados para a sede do órgão em Recife. A identificação das vítimas se tornará um processo difícil, já que, segundo informações, muitos passageiros estavam sem cinto de segurança e foram arremessados fora do veículo durante o tombamento.
As vítimas do acidente eram, em sua maioria, oriundas de cidades da Bahia e Minas Gerais. A empresa BF Turismo, responsável pelo ônibus, confirmou que os passageiros eram das cidades de Monte Azul, Porteirinha e Janaúba, em Minas Gerais, e diversas localidades na Bahia, como Urandi, Caetité e Caculé. A identificação será feita através de fichas papiloscópicas, que incluem impressões digitais, nome, filiação e outros documentos.
Um chamado à atenção para a segurança viária
Este trágico acidente gera um alerta importante sobre a segurança no transporte rodoviário no Brasil. Problemas mecânicos, como a falha dos freios, podem ter consequências devastadoras, e a situação levanta perguntas sobre a manutenção dos veículos e a segurança dos passageiros, aspectos cruciais que precisam ser mais bem fiscalizados.
Ao mesmo tempo, a situação do motorista Divanir expõe as questões emocionais e psicológicas que os sobreviventes de acidentes tão traumáticos enfrentam. Os relatos de angústia e trauma são comuns após experiências similares, e é fundamental que haja suporte psicológico disponível para aqueles que passam por tais situações.
Conclusão
Divanir Rodrigues Rocha Júnior, depois de ter enfrentado uma das experiências mais dolorosas de sua vida, decidiu deixar a profissão que o levou a esse trágico acidente. Sua história reflete não apenas a dor pela perda, mas também a luta contínua por melhorias na segurança rodoviária e apoio às vítimas de acidentes. A tragédia na BR-423 deve servir como um chamado à ação para que medidas sejam tomadas visando proteger vidas e garantir a segurança de todos nas estradas brasileiras.