À medida que as eleições de 2026 se aproximam, cresce a movimentação em torno das escolas de samba do Rio de Janeiro. Além da candidatura de Neguinho da Beija-Flor ao Senado, diversos parlamentares e dirigentes ligados ao universo do carnaval buscam apoios entre as agremiações para se fortalecerem na corrida eleitoral. Esta chamada “bancada do samba” não apenas busca almejar cargos políticos, mas também enfrenta a concorrência interna entre candidatos que esperam se beneficiar do prestígio e da popularidade do carnaval.
A corrida eleitoral e as disputas internas
A Escola de Samba Beija-Flor, associada a Neguinho, que foi seu intérprete por mais de cinquenta anos, se tornou um ponto de atenção nesse jogo político. Na verdade, a Beija-Flor se tornou um campo de batalha para antigos e novos políticos, todos de olho em posições na Assembleia Legislativa (Alerj) e na Câmara dos Deputados.
Entre os candidatos, temos Ricardo Abrão (União-RJ), que busca a reeleição. Abrão, que leva o sobrenome do patrono da escola de samba, está em uma disputa com outros políticos como Doutor Luizinho (PP-RJ) e João Drummond, que é um dos diretores da Liga Independente das Escolas de Samba (Liesa). Essa disputa interna reflete uma dinâmica complexa, visto que cada um tenta se destacar em cima do prestígio conferido pelo carnaval.
Relações e alianças no cenário politico-carnavalesco
Ricardo Abrão, embora tenha enfrentado dificuldades em sua relação com Anísio, o contraventor e presidente de honra da Beija-Flor, está tentando se reaproximar para garantir seu apoio nas próximas eleições. Desse modo, a ligação familiar e política torna-se um trunfo estratégico na busca por votos.
Drummond, por sua vez, não é apenas um nome isolado. Ele é também o vice-presidente da Imperatriz Leopoldinense, e seu parentesco com o antigo patrono da escola abre portas e possibilidades. Em busca de fortalecer sua candidatura, sua estratégia inclui formar alianças, especialmente com Luizinho, que já foi amplamente apoiado pela Beija-Flor em eleições anteriores.
O papel das emendas e a prática política nas escolas de samba
Nos últimos anos, Luizinho se destacou ao destinar R$ 3,7 milhões em emendas parlamentares para o Instituto Beija-Flor, o braço social da escola. A intenção é clara: ao associar sua imagem ao sucesso da Beija-Flor, Luizinho espera garantir apoio no futuro. O compromisso demonstrado por Luizinho foi evidenciado durante sua visita à quadra da escola, onde anunciou a destinação de mais recursos no Orçamento de 2026, junto a Drummond.
As práticas por trás dessas movimentações são astutas, com visitas de Luizinho e Drummond sendo feitas sob a justificativa de acompanhar a saúde na comunidade, evento que, inevitavelmente, potencializa suas visibilidade e conexão com os eleitores.
A competição interna e as tensões políticas
Essas movimentações não vêm sem complicações. O caso de Rafael Nobre (União), que esperava apoio da Beija-Flor, reflete o incômodo gerado pela candidatura de Drummond. A disputa por representatividade dentro do mesmo partido é um aspecto crítico do processo eleitoral que se aproxima.
Além disso, a estrutura do partido também enfrenta outras pressing: no próprio PP, a candidatura de Drummond disputa espaço com Dionísio Lins, que tem uma atuação próxima à comunidade do Império Serrano. Essa fragmentação cria um ambiente ainda mais desafiador para os candidatos, onde cada movimento é crucial.
Um cenário incerto para as candidaturas ligadas ao carnaval
Dentro do mundo do carnaval, a possível candidatura de Neguinho da Beija-Flor ao Senado é cercada por incertezas. O apoio a sua candidatura, promovido por líderes como o prefeito de Maricá, Washington Quaquá, reflete uma manobra para garantir espaços no PT frente a outros candidatos. Benedita da Silva, outra figura importante, também está de olho na mesma vaga, levando a um claro embate entre correntes do PT.
Enquanto isso, o atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, que terá um papel simbólico no carnaval de 2026, também traz à cena uma estrutura de apoio que pode favorecer ou atrapalhar esses candidatos. O enredo da Acadêmicos de Niterói, que homenageará Lula, pode ser um ponto de virada nas relações políticas, uma vez que uma escola com forte apoio petista pode transportar votos para seus candidatos, competindo diretamente com outros grupos.
As alianças que emergem nas escolas de samba e seus decorrem na disputa não são apenas questões de apoio esportivo, mas uma partitura complexa de interesses políticos e eleitorais. Seja através de promessas, alianças ou rivalidades, o palco das agremiações do Rio de Janeiro em 2026 será, sem dúvida, um espetáculo à parte.