Isabela da Silva dos Santos, de 29 anos, é uma mulher determinada que busca honrar a memória de seu pai, Etevaldo Bispo dos Santos, conhecido como Bahia. Ele tinha 52 anos e durante sua vida não teve um lar fixo. Apesar do distanciamento e do pouco contato entre pai e filha, Isabela sempre fez questão de acolhê-lo. Agora, após o falecimento de Etevaldo, Isabela deseja que o corpo dele seja levado para sua terra natal, São Sebastião do Passé, na Região Metropolitana de Salvador, onde tudo começou.
A relação entre pai e filha
Embora muitos vejam o vínculo entre pais e filhos como algo inquebrantável, a realidade de Isabela foi marcada por períodos de ausência e desafios. A relação deles, mesmo com a distância, era permeada por momentos significativos. “Ele era meu pai e sempre o acolhi, mesmo que a vida tenha nos levado por caminhos diferentes”, afirmou Isabela em entrevista.
O contraste entre as gerações também se reflete em suas histórias de vida. Etevaldo cresceu em um contexto difícil, enfrentando inúmeras adversidades antes de se tornar sem-teto. Isabela, por outro lado, consegue viver como autônoma, enfrentando suas próprias batalhas em busca de uma vida melhor. “Quero que ele tenha o descanso que merece em sua terra natal”, disse Isabela, expressando seu desejo sincero de honrar a memória do pai.
O desejo de repatriar o corpo
O desejo de Isabela de levar o corpo de seu pai para São Sebastião do Passé não é apenas uma questão de protegê-lo, mas também de homenagear suas raízes. “Quero que ele possa voltar para casa, para o lugar de onde ele veio”, explicou. Essa decisão não é fácil e envolve uma logística complexa, mas Isabela está determinada a realizá-la. Ela já iniciou conversas com autoridades e instituições que podem ajudá-la neste processo.
A história de Etevaldo não é única; muitos brasileiros enfrentam a realidade da falta de moradia e o abandono. Isabela, ao buscar por um final digno para seu pai, traz à tona a importância das relações familiares e da empatia em momentos difíceis. “Todos merecem ter um lugar para descansar em paz”, afirmou com firmeza.
Reflexão sobre a sociedade e o acolhimento
A situação de Etevaldo e Isabela nos força a refletir sobre como a sociedade lida com pessoas em situação de rua e como as famílias são muitas vezes fragmentadas. O caso deles é um lembrete de que, por trás de cada história de abandono, há pessoas que ainda se importam e buscam ser o suporte umas das outras. “Meu pai pode ter sido visto como invisível para muitos, mas para mim, ele sempre será uma pessoa especial”, destacou Isabela.
Além da dor pela perda, essa jornada de Isabela representa uma luta por dignidade e respeito para aqueles que, em vida, enfrentaram múltiplos desafios. Ela espera que sua ação inspire outros a valorizar os laços familiares e a importância de cuidar uns dos outros, principalmente nos momentos mais difíceis.
Uma vitória pessoal e um chamado à ação
Isabela está se mobilizando para arrecadar fundos e apoio para realizar o transporte do corpo e organizá-lo para os ritos de despedida. A comunidade tem demonstrado solidariedade, oferecendo apoio emocional e financeiro. “É emocionante ver tantas pessoas se unindo por uma causa tão importante”, comentou Isabela, com um brilho de esperança nos olhos.
A história de Isabela da Silva dos Santos e de seu pai, Etevaldo, é um exemplo tocante de amor familiar, luta e a busca por dignidade mesmo diante de adversidades. A determinação de Isabela em levar seu pai de volta à sua terra natal mostra que, apesar dos desafios, o amor familiar sempre deve prevalecer — um lembrete de que, no final, todos queremos ser lembrados e acolhidos. A batalha de Isabela não é apenas pela memória de seu pai, mas também por um mundo mais justo e acolhedor para todos.
