O cardeal Robert McElroy, arcebispo de Washington, D.C., manifestou preocupação com a crescente polarização política nos Estados Unidos e pediu que os americanos se lembrem do que os une como povo.
‘O que nos liga’
Durante uma palestra na Universidade de Notre Dame, nesta sexta-feira, 17 de outubro, McElroy afirmou que a disputa entre os partidos causa danos profundos ao país. Ele destacou que uma “ideia de guerra, de tribalismo, infiltrou-se na sociedade” ao tratar das divergências políticas.
De acordo com o cardeal, as convicções políticas tornaram-se, para muitos, uma espécie de atalho para um modo de pensar, o que, na sua avaliação, é um desenvolvimento prejudicial. “Esquecer o propósito comum e o significado compartilhado está nos afastando de soluções políticas que atendam ao interesse coletivo,” afirmou McElroy.
Para ele, os Estados Unidos não são ligados por laços de sangue ou etnia, mas “pelas aspirações dos nossos fundadores.”
Valorizando os princípios nacionais
“O que nos une é a busca pela liberdade, pela dignidade humana, pela justiça para todos, e pelos direitos democráticos,” declarou. “Nosso orgulho enquanto americanos vem do que aspiramos ser e fazer como país.”
O arcebispo enfatizou que esforços para promover o diálogo devem ocorrer também nas paróquias locais, onde, segundo ele, a religião desempenha papel fundamental. “Os fundadores acreditavam, profundamente, que o sucesso do país dependia do fortalecimento da prática religiosa,” afirmou.
Ele explicou que a religião contribui para que as pessoas superem interesses pessoais ou grupos e tenham uma visão mais ampla do bem comum, mesmo que ela não exerça papel direto na política.
O papel moral da Igreja
McElroy ressaltou que, embora a Igreja não tenha uma função política específica, ela possui “um papel moral na ordem pública,” baseado no entendimento ético das questões sociais. Segundo ele, a Igreja deve se posicionar especialmente em debates onde há componentes morais envolvido.
“Ela fala, não em nome da política — que não deve ser seu foco principal — mas sim em relação às questões morais relacionadas ao bem comum,” destacou.
Desde sua nomeação pelo Papa Francisco em janeiro de 2025, o arcebispo tem trabalhado para fortalecer esse papel de mediação moral na sociedade americana. Ele assumiu o cargo no dia 11 de março, sucedendo o Cardeal Wilton Gregory, que se aposentou.
No momento de sua instalação, McElroy reforçou a importância de respeitar a dignidade de todas as pessoas, incluindo os não nascidos, migrantes e os mais pobres, reafirmando seus compromissos pastorais.