O fator político que impulsionou o primeiro movimento de tarifa de Donald Trump contra o Brasil parece estar superado, segundo avaliação do vice-presidente Geraldo Alckmin. Em visita à Índia, Alckmin comentou a reunião entre o chanceler Mauro Vieira e o secretário de Estado americano, Marco Rubio, que negociam o fim do impasse gerado pelo tarifaço, afirmando que as conversas estão avançando positivamente.
Avanços na diplomacia e perspectivas de encontro entre Lula e Trump
Após uma viagem de três dias na Índia, Alckmin destacou que o clima nas negociações com os Estados Unidos melhora, especialmente diante da possibilidade de encontro entre os presidentes Lula e Trump no final do mês. Segundo ele, isso reforça a confiança de que a questão política está se encaminhando para uma solução.
Relacionamentos históricos e boas relações
Alckmin afirmou que o Brasil mantém uma relação de amizade e parceria com os EUA há mais de 200 anos e que “a química” entre os líderes acelerou o processo de aproximação, reforçando uma avaliação otimista após o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro ficar de fora das conversas recentes.
“Caminha para ser superado, porque está ficando claro que a separação de poderes é a base da democracia. Não há um poder controlando o outro. Os Estados Unidos também não podem reclamar, pois suas exportações para o Brasil crescem mais de 11% neste ano”, disse o vice-presidente, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.
Importância das exportações brasileiras
Ele ressaltou que as exportações brasileiras para os EUA representam cerca de 12% do total, uma fatia menor do que na década de 1980, mas ainda relevante pelo valor agregado, o que torna fundamental resolver o impasse gerado pelos tarifas. Segundo analistas, consumidores americanos pagarão mais da metade do custo do tarifaço até o fim deste ano.
Novos itens na mesa de negociação
Entre os itens considerados na negociação, está o possível investimento dos EUA na exploração de terras raras, minerais essenciais para tecnologia, cuja reserva brasileira é a segunda maior do mundo, atrás apenas da China. Alckmin confirmou que há estudos geológicos em andamento para elaborar uma estratégia de aproveitamento dessas reservas.
“Ainda é preciso esperar o aprofundamento das conversas, mas estamos confiantes”, afirmou o vice-presidente, lembrando que negociações trazem tempo e exigem paciência. Ele destacou também a iniciativa de avançar na assinatura de um acordo do Mercosul com a Índia, visando ampliar as preferências tarifárias e concluir o processo em aproximadamente dez meses.
Relações com o Brics e interesses comerciais
Alckmin mencionou que Trump já sinalizou ameaças de tarifas contra o grupo Brics, ao considerar o bloco uma ameaça ao dólar, mas respondeu que o grupo defende o livre mercado e o multilateralismo. Além disso, afirmou que há planos para estabelecer uma rota aérea direta entre Índia e Brasil, facilitando o comércio bilateral.
Antes de retornar ao Brasil, o vice-presidente declarou que o voo de 17 horas de Nova Délhi a Brasília será uma oportunidade para consolidar as conversas e fortalecer os laços entre os países.
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