Em uma entrevista divulgada nesta semana, Greta Thunberg revelou detalhes de uma experiência traumática durante cinco dias de detenção em Israel, após tentar romper o cerco de Gaza com a Flotilha Sumud. A ativista sueca afirmou que foi submetida a torturas físicas e psicológicas, além de humilhações, sob alegações de maus-tratos por parte das autoridades israelenses.
Relatos de abusos e agressões durante a prisão de Greta Thunberg
Greta descreveu a chegada ao centro de detenção, onde viu cerca de 50 presos ajoelhados com as mãos algemadas e a testa no chão. Segundo ela, foi forçada a ficar de lado de um grupo, enquanto recebia agressões físicas, incluindo socos e chutes, na presença dos guardas. Ela também revelou que os soldados teriam aprendido insultos em sueco, chamando-a de “Lilla hora” (pequena piranha) e “Hora Greta” (piranha Greta).
A ativista tinha as mãos atadas com cabos de alta tensão, enquanto os guardas se utilizavam de violência e provocação. Ela relatou que, durante a prisão, os oficiais fizeram-na assistir enquanto cortavam seus pertences pessoais com uma faca. Além disso, Greta afirma que foi obrigada a se despir, em um ato de humilhação, enquanto tudo era filmado e as portas do estabelecimento eram cerradas em clima de violência extrema.
Acusações de selfies, maus-tratos e condições desumanas
Na entrevista ao jornal sueco Aftonbladet, Greta detalhou que, enquanto estava algemada e de cabeça baixa, os guardas tiraram selfies com ela, uma prática que, segundo ela, demonstra a falta de empatia e respeito dos agentes. “Eles estavam rindo e segurando garrafas de água, jogando-as fora na minha frente enquanto eu estava completamente desidratada”, contou.
Ela também relatou que teve suas mãos novamente amarradas, foi colocada em uma cela fria e, posteriormente, submetida a uma revista e ao procedimento de ser desnudada. Greta afirmou que tudo foi feito de forma violenta, com funcionários jogando objetos pessoais no lixo, incluindo medicamentos essenciais como insulina, remédios contra câncer e coração:**
“Eles twittaram comigo na minha frente, zombando, enquanto minha saúde física e mental se deteriorava. Estávamos sob o sol escaldante, em um espaço muito pequeno, onde muitos desmaiavam enquanto pedia por auxílio médico”, descreveu. À medida que suas condições pioravam, ela revelou que os guardas ameaçaram usar gás contra os presos, uma prática de intimidação frequente.
Contexto mais amplo e resposta internacional
Greta relacionou sua experiência aos acontecimentos na Palestina, destacando que há milhares de presos palestinos, muitos deles crianças, sob condições semelhantes ou piores. “O que passamos é uma pequena amostra do que os palestinos enfrentam diariamente, com prisões sem julgamento, tortura e violência extrema nas mãos de Israel”, afirmou.
O Ministério das Relações Exteriores de Israel negou as acusações, afirmando que todos os direitos legais de Greta foram respeitados e que ela mesma decidiu prolongar sua permanência na custódia, sem registrar reclamações formais. Um comunicado à revista Telegraph declarou que as alegações de abuso e tortura são “falsas e infundadas”, acrescentando que a ativista nunca apresentou denúncia oficial.
Repercussões e reflexões
As alegações de Greta despertam uma nova onda de discussão sobre o tratamento de presos e ativistas em zonas de conflito na Palestina e em Israel. A ativista, que se destacou mundialmente por seu ativismo climático, afirma que sua experiência reforça a necessidade de atenção global às violações de direitos humanos na região.
Enquanto a comunidade internacional acompanha os desdobramentos, o caso de Greta Thunberg evidencia as tensões e os dilemas éticos e políticos envolvendo a questão israelo-palestina. Os próximos passos ainda são incertos, mas a denúncia reacende o debate sobre os direitos dos presos e a transparência nas ações do Estado de Israel.