O cardeal Arthur Roche, líder do dicastério do Vaticano responsável pela Liturgia, incentivou as paróquias nos Estados Unidos a aprofundar seu entendimento das diretrizes de Papa Francisco sobre a missa, reforçando a importância de incorporar seus ensinamentos na formação de padres e fiéis.
Enfatizando a importância do entendimento das orientações de Papa Francisco
Durante uma reunião de três dias da Federação de Comissões Litúrgicas Diocesanas (FDLC), realizada em Baltimore, Roche ressaltou que as palavras do Papa não pretendem ser uma análise sistemática, mas um convite para a Igreja se aproximar do mistério celebrador e do coração de Cristo.
“Papa Francisco não buscou oferecer uma abordagem sistemática da formação litúrgica”, afirmou Roche, segundo comunicado divulgado em 15 de outubro pela FDLC. “Seu objetivo foi guiar a Igreja ao centro do mistério que celebramos, ao coração de Cristo que deseja ardentemente que nos aproximemos dele para participar de sua páscoa.”
Reconhecimento da reforma litúrgica do Concílio Vaticano II
Roche reafirmou que a celebração da missa deve estar fundamentada no Mistério Pascal de Cristo, reforçando o compromisso do Papa Francisco com a reforma litúrgica do Concílio Vaticano II, considerada “irreversível” pelo próprio pontífice. Ele citou o documento Desiderio Desideravi e destacou a necessidade de divulgar amplamente seus ensinamentos às paróquias, bem como oferecer orientações para seu estudo.
O documento ressalta que “cada aspecto da celebração deve ser cuidadosamente cuidado”, incluindo espaço, gestos, palavras, objetos, vestimentas, canto e música. Papa Francisco afirma que essa atenção é essencial para que a assembleia não perca de vista o mistério pascal celebrado no rito.
Importância do espírito de caridade na promoção da liturgia
Roche encorajou os participantes a promoverem com coragem e caridade a “lex orandi” (lei de oração) da Igreja, advertindo contra discursos que carecem de espírito de fraternidade cristã. “A liturgia deve refletir o amor de Cristo, e todo o diálogo acerca dela precisa ser pautado por essa compreensão”, afirmou.
Relevância do documento Desiderio Desideravi
A diretora executiva da FDLC, Rita Thiron, destacou a beleza do texto e mencionou que a entidade oferece um guia de estudo para as paróquias, incluindo perguntas de reflexão sobre as propostas do documento. Segundo ela, o documento também enfatiza a importância de utilizar símbolos de maneira mais ritualmente significativa, como, por exemplo, na bênção das águas no batismo.
Padre Anthony Ruff, professor de teologia na Saint John’s School of Theology and Seminary, elogiou Desiderio Desideravi como uma excelente inspiração, dizendo que o texto ajuda a compreender a visão da Igreja sobre a liturgia pós-Vaticano II e sua relação com a vida de oração e discipulado cristão.
Discussões sobre a missa tradicional em latim
Embora Roche não tenha falado especificamente sobre as restrições impostas por Papa Francisco à missa tradicional em latim, ele ressaltou a importância de compreender os documentos oficiais que tratam dessas restrições. Francisco, em Traditionis Custodes, de 2016, restringiu a celebração da Missa em latim tradicional, e em Desiderio Desideravi reforça a prioridade de aceitar as reformas do Concílio Vaticano II.
Quando questionados se Roche se pronunciaria a respeito de futuras possíveis flexibilizações ou mudanças nas restrições, Thiron respondeu que o cardeal “não comentou sobre isso e focou na importância de compreender o papado de Francisco como uma continuação do Concílio”.
Ela acrescentou que Roche reforçou a necessidade de as comunidades litúrgicas entenderem a continuação do caminho do Concílio, com Desiderio Desideravi como uma orientação para aprofundar a compreensão e valorização da liturgia reformada.