O padre Stefano Cecchin, presidente da Pontifícia Academia Mariana (PAMI), afirmou em entrevista recente que a Igreja enfrenta desafios constantes em relação à reafirmação da virgindade de Maria, dogma oficialmente definido no Concílio de Éfeso em 431.
Controvérsias e ataques à virgindade de Maria
Cecchin explicou que, diariamente, a PAMI lida com ataques de protestantes e de alguns segmentos internos da Igreja que negam o dogma da virgindade de Maria, inclusive propagando que essa crença seria um mito. “Existem teólogos e estudiosos bíblicos que dizem que a virgindade de Maria é uma invenção, o que é muito perigoso, pois os Pais da Igreja e até o Alcorão defendem essa verdade”, afirmou.
O papel do diabo contra o dogma mariano
O especialista em mariologia destacou que as investidas contra a virgindade de Maria são parte de uma ação satânica mais ampla. “O diabo trabalha arduamente, especialmente contra o dogma da Imaculada Conceição. Ele continua a atacar a figura de Maria, sobretudo dentro da Igreja, com a afirmação de que ela não seria virgem”, destacou.
Ele reforçou que, desde os tempos bíblicos, a virgindade de Maria sempre foi alvo de ataques, incluindo a acusação de que ela teria tido relações com um soldado romano. “Se questionarmos a virgindade de Maria, questionamos toda a fé cristã”, alertou.
A importância de Maria na salvação
Cecchin ressalta que Maria ocupa uma posição única na história da salvação como Mãe de Deus e modelo da Igreja. Sua atuação não se limita ao passado, mas continua presente na vida espiritual dos fiéis.
“Jesus confiou a Maria a Igreja, dizendo: ‘Eis sua mãe’. Assim, ela continua a cuidar de nós e a nos orientar de volta para Deus”, explicou o padre, destacando a missão contínua de Maria na trajetória da fé.
As aparições marianas e a misericórdia divina
O diretor da PAMI enfatizou que aparições e convites à conversão, como as denúncias de hell e as chamadas à mudança de vida, não visam assustar, mas revelar a misericórdia de Deus. “Deus não quer que ninguém vá para o inferno, mas deseja a nossa conversão. Essa mensagem está clara no Catecismo da Igreja Católica”, afirmou Cecchin.
Ele destacou, ainda, que defender os dogmas marianos não é uma questão apenas devocional, mas uma base fundamental da mensagem cristã, ligado à própria identidade de Jesus Cristo como Filho de Deus.
O valor dos santuários como lugares de cura
No ano passado, o Vaticano criou o Observatório Internacional sobre Aparições e Fenômenos Místicos, com o objetivo de estudar e discernir as manifestações marianas sem emitir juízos definitivos. Cecchin explica que os santuários sempre tiveram um papel de encontro com o divino e de cura espiritual.
“Queremos que os santuários sejam lugares não só de oração, mas também de cura”, afirmou. Atualmente, esse observatório realiza análises teológicas e históricas sobre os principais santuários marianos ao redor do mundo.
As aparições de Guadalupe e seu alcance universal
Cecchin afirma que, após as primeiras manifestações locais, a aparição de Nossa Senhora de Guadalupe, em 1531, marcou o início de uma dimensão universal das aparições marianas. “Guadalupe começou uma longa série de aparições que envolvem nações e continentes”, ressaltou.
Ele destacou que os santuários tradicionais, como Lourdes, Fátima e Medjugorje, também servem como pontos de encontro onde a Virgem convida à oração e à conversão, seguindo o exemplo bíblico de locais sagrados do Antigo Testamento.
Diálogo ecumênico e cultural
A atuação do PAMI inclui a criação de centros de estudo e o incentivo ao diálogo interreligioso e ecumênico. Cecchin reforçou que o papel de Maria é fundamental na história da Igreja e deve ser compreendido em diversas culturas e religiões.
“Nossa tarefa é promover a compreensão de Maria em diferentes tradições religiosas e culturais, promovendo unidade e evangelização mariana”, concluiu o padre Cecchin.
Esta reportagem foi originalmente publicada pela ACI Prensa, parceiro de notícias em espanhol da CNA, e adaptada para o português. Para mais informações, acesse o artigo original.