John Bolton, ex-conselheiro de segurança nacional do presidente Donald Trump, foi indiciado por um grande júri federal em Maryland na quinta-feira, tornando-se o terceiro opositor político de alto perfil do clima político atual a enfrentar acusações em menos de um mês. Bolton agora se defronta com um total de 18 acusações, incluindo a transmissão de informações de defesa nacional e a retenção de dados classificados.
As acusações e a investigação
Os promotores alegam que Bolton manteve e compartilhou com membros da família diários digitais de suas atividades que continham uma variedade de material classificado, desde sua época como conselheiro de segurança nacional. O indiciamento alega que Bolton compartilhou “mais de mil páginas” de entradas de diário que continham informações classificadas até o nível “TOP SECRET”. O caso parte de uma investigação criminal que começou em 2022, após a violação dos e-mails de Bolton por hackers iranianos.
O que diz a acusação
Os detalhes apresentados na acusação indicam que Bolton escrevia anotações à mão durante seu dia a dia na Casa Branca e em outros locais seguros, para depois reescrevê-las em seu computador. Essas entradas foram impressas e, segundo os promotores, permaneceram em dispositivos pessoais usados por Bolton e por outros na sua residência. É alegado que ele usou contas de e-mail pessoais para enviar informações classificadas, violando as leis federais.
O mecanismo de vazamento
Os promotores afirmam que Bolton estabeleceu um grupo de chat onde compartilhava notas sobre seu trabalho como conselheiro de segurança nacional, dizendo que era para “diário no futuro!!!”. Segundo declarações do FBI, Bolton teria transmitido informações ultrassecretas via contas online pessoais e retido esses documentos em sua casa, em clara violação da lei federal. A investigação mostrou que Bolton tinha uma boa compreensão de como lidar corretamente com informações confidenciais, conforme evidenciado por suas críticas à utilização de informações sigilosas por outros membros do governo.
A resposta de John Bolton
Bolton se manifestou em sua declaração, alegando que se tornou o alvo do que considera uma armadilha política estabelecida por Trump e seu Departamento de Justiça. Ele afirmou que seu livro, “The Room Where It Happened”, foi revisado e aprovado por funcionários de segurança competentes e que ele havia alertado o FBI sobre o ataque a seus e-mails em 2021. Bolton também defendeu a importância de uma sociedade onde a dissidência e o desacordo são fundamentais, prometendo lutar para defender suas ações legais e expor a suposta abusividade de poder por parte de Trump.
O impacto político e as implicações
Enquanto Bolton se preparava para se entregar às autoridades, Trump estava na Casa Branca realizando um evento de imprensa. Ele se referiu a Bolton como um “cara ruim” e minimizou as consequências do indiciamento. As acusações contra Bolton são potencialmente mais sérias do que aquelas enfrentadas por outros, como Hillary Clinton e Mike Pence, pois Bolton é acusado de “disseminar ativamente” informações classificadas de alto nível para membros da família não autorizados.
A investigação sobre a violação de seus e-mails por hackers iranianos trouxe essa situação ao atual estado, despertando preocupações sobre a politicização da Justiça, especialmente quando Trump corre continuamente para a imprensa, pedindo a condenação de seus inimigos políticos, incluindo Bolton. O caso, que foi atribuído ao juiz distrital dos EUA Theodore Chuang, pode suscitar debates intensos sobre a liberdade de expressão e os limites da segurança nacional.
O desfecho desse caso não só pode modificar a carreira de Bolton, mas também tem o potencial de desencadear um reexame das políticas sobre a segurança de informações confidenciais dentro do governo dos Estados Unidos.