A CPI do INSS, que investiga possíveis fraudes no sistema de previdência social, passa por uma transformação significativa sob a liderança da bancada governista. A recente rejeição do requerimento que pedia o depoimento de José Ferreira da Silva, conhecido como Frei Chico e irmão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), representa uma vitória estratégica para os aliados do Palácio do Planalto. Esta decisão demonstra o fortalecimento da articulação política no grupo, que agora começa a controlar as diretrizes das investigações.
O cenário atual da CPI do INSS
Nos primeiros dias de funcionamento da CPI, o governo enfrentou reveses, perdendo o controle em momentos cruciais, como na eleição de cargos-chave, onde a bancada governista ficou desfalcada. Entretanto, a situação mudou. A atual articulação política leva a uma nova fase em que votações são realizadas com propósito claro de proteger aliados e minimizar desgastes.
O governo tem utilizado uma “lista de chamada” durante as semanas, que se tornou essencial para garantir o quórum necessário e minimizar a presença de suplentes da oposição nas audiências. Às segundas e quintas-feiras, os membros da bancada entram em contato para reforçar a participação, evitando assim surpresas indesejadas durante as sessões.
A estratégia governista e as votações recentes
Além de organizar a lista de presença, a eficácia do governo também se reflete em um grupo no WhatsApp onde deputados e senadores recebem resumos das atividades e instruções para as votações. Recentemente, a CPI evitou convocar Frei Chico e a quebra de sigilo da publicitária Danielle Miranda Fonteles, que recebeu R$ 5 milhões do lobista Antônio Carlos Camilo Antunes, o famoso “careca do INSS”. Essa proteção é uma das razões pelas quais a rejeição do requerimento foi celebrada pela base aliada como um passo importante para preservar figuras próximas ao governo.
A quebra de sigilo bancário de Eli Cohen, advogado que trouxe as primeiras denúncias sobre as fraudes do INSS, foi considerada uma vitória por parte da oposição, visando desmantelar eventuais desvios ocorridos durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro. Enquanto isso, votações que envolvem figuras ligadas ao governo continuam a ser barradas, como a do ex-chefe de gabinete do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, reforçando uma tendência observada nas reuniões.
Blindagem ou estratégia? A defesa da bancada governista
O líder da bancada governista na CPI, deputado Paulo Pimenta (PT-RS), afirma que as ações não visam proteger aliados, mas sim concentrar esforços em pautas relevantes ao escopo da CPI. Para Pimenta, a rejeição de convocação de Frei Chico, por exemplo, faz parte de uma diretriz de evitar que o colegiado seja transformado em um “palanque político”. “Não podemos deixar que o tempo seja gasto com o desgaste de pessoas que nada têm a ver com isso”, argumenta.
Além das articulações políticas, a bancada governista se beneficia de uma “tropa de choque” composta por deputados e senadores que têm atuado de forma técnica, se posicionando favoravelmente nos embates com a oposição. Nomes como Rogério Correa (PT-MG) e Randolfe Rodrigues (PT-AP) têm se destacado na leitura e argumentação de documentos que demonstram a linha do tempo das fraudes.
Acordos entre base e oposição
Na tentativa de manter a estabilidade nas votações, a bancada do governo tem recorrido a acordos, como o recente entendimento de não levar à votação quebras de sigilo de ex-ministros, incluindo Carlos Lupi. A gestão da CPI está se consolidando, e as estratégias demonstram que a bancada governista está preparada para avançar, minimizando os riscos e mantendo suas vitórias nas próximas sessões.
Em resumo, a CPI do INSS está em uma encruzilhada decisiva, onde o controle político e as articulações da bancada governista moldam o futuro das investigações e a dinâmica dentro do colegiado. À medida que este cenário se desenrola, todas as olhares estarão voltados para o resultado das próximas votações e o verdadeiro impacto que elas terão no curso das investigações no sistema de previdência social brasileiro.