Na última semana, Brasília se despediu de uma de suas árvores mais emblemáticas, uma gameleira com aproximadamente 40 anos, que pegou fogo na quadra 704/705 Norte. Após três dias de chamas intensas, a Novacap iniciou os trabalhos de retirada do que sobrou da árvore, dando início a uma série de operações que se seguirão para remover os vestígios do incêndio. Este lamentável evento ressalta questões de proteção ambiental e a importância da manutenção e preservação do verde nas cidades.
Retiradas e intervenções na área afetada
Com o uso de serras elétricas e escavadeiras, a equipe da Novacap trabalha na remoção dos grandes pedaços da gameleira. A expectativa é que a retirada completa do tronco queimado seja finalizada até esta sexta-feira (17). Enquanto as operações ocorrem, o trânsito na região permanece parcialmente interditado, causando desconforto aos moradores e comerciantes locais.
Uma vez retirados, os restos da árvore serão analisados. A maior parte do material deve ser triturada e utilizada como adubo em jardins ao redor. No entanto, as partes da madeira ainda em condições adequadas podem ser leiloadas, junto com outras árvores que a Novacap recolhe periodicamente.
Investigação sobre o crime ambiental
As investigações do incêndio têm se aprofundado e, segundo a polícia, o caso é tratado como um incêndio criminoso. A identificação do principal suspeito foi feita através de imagens de câmeras de segurança que capturaram o momento em que um homem, acompanhado de uma criança, ateou fogo nas raízes da gameleira, gerando uma grande conflagração. O homem, morador da região, foi convidado a depor nesta quinta-feira sobre suas ações.
A dimensão do incêndio
O incêndio começou na madrugada de segunda-feira (13) e rapidamente se espalhou pela árvore, gerando um grande alarme entre a comunidade próxima. O calor das chamas era tão intenso que assombrou moradores e comerciantes da região, embora ninguém tenha se ferido. A corporação de bombeiros reagiu prontamente, mobilizando dois caminhões para conter as chamas. Contudo, o incêndio se prolongou, ardendo nas entranhas da árvore por mais dois dias, até que finalmente foi necessário utilizar mais de três mil litros de água para resfriar o tronco incendiado.
A importância da gameleira para a comunidade
A gameleira, que tinha se tornado um símbolo de memória no local, estava sendo ameaçada pelos problemas que afetavam sua saúde. Há cerca de um ano, a Novacap ficou responsável por podar todos os galhos da árvore que apresentavam risco de queda. No entanto, a retirada definitiva do tronco estava programada para ocorrer logo após a poda, quando já era considerada “morta”. A pressão de moradores e comerciantes em preservar o que restou da gameleira, pelo valor simbólico e pela sombra que oferecia, fez com que a Novacap reconsiderasse e deixasse o tronco no local por um tempo.
História e memória se entrelaçam em eventos como este, onde a retirada de um símbolo da cidade não é apenas a perda de uma árvore, mas o desvanecimento de parte da identidade local. Aquela gameleira foi testemunha de muitas histórias e transformações na cidade desde sua plantação, em um tempo em que Brasília ainda se firmava como a capital do país.
Segundo a Novacap, não é possível determinar com exatidão a data em que a gameleira foi plantada ou quem teve a iniciativa, mas provavelmente ela foi cultivada nos primeiros anos da cidade, paralelo a outras árvores, como a gameleira da quadra 406 na L2 Norte, ambas evidências do verde que compunha a paisagem da nova capital.
Esse incidente levanta reflexões sobre a proteção do patrimônio ambiental nas cidades e a responsabilidade de todos em preservar a flora urbana, essencial para a qualidade de vida e o bem-estar da população. A perda de uma árvore de tamanha idade é um lembrete claro da necessidade de ações mais efetivas para proteger o verde nas áreas urbanas.
À medida que a cidade se transforma, resta a espera por uma nova muda que substituirá a gameleira no coração da Asa Norte, representando não apenas a continuidade da vida, mas a lição de que devemos cuidar do que é nosso.