A Nestlé, gigante suíça de alimentos e bebidas, confirmou nesta quinta-feira (16) que irá reduzir sua força de trabalho em 16 mil empregos ao longo dos próximos dois anos. A decisão foi anunciada após a nomeação de Philipp Navratil como novo CEO, que busca acelerar a estratégia de reestruturação da companhia, incluindo revisões e venda de unidades com desempenho inferior.
Expansão da meta de economia e estratégia de cortes
Navratil, que assumiu a liderança após a saída de Laurent Freixe, elevou a meta de economia de custos para 3 bilhões de francos suíços (US$ 3,7 bilhões) até 2027, superando a anterior de 2,5 bilhões. A iniciativa visa facilitar uma maior eficiência operacional, além de manter a estratégia de revisão de portfólio, que inclui desinvestimentos de unidades com desempenho abaixo do esperado.
Impacto nos acionistas e mercado
As ações da Nestlé tiveram forte valorização, subindo até 8,2% na Suíça, o maior ganho desde 2008. Segundo analistas, a resposta do mercado refletiu a expectativa de uma transformação na busca por crescimento mais sustentável e foco na rentabilidade.
Detalhes dos cortes de emprego
Os cortes representam cerca de 6% da força de trabalho global da Nestlé, envolvendo principalmente funções administrativas — aproximadamente 12 mil vagas — e as demais áreas nas operações de fabricação e cadeia de suprimentos. A maior parte dos desligamentos ocorrerá ao longo dos próximos dois anos, informou a empresa.
Apesar das reduções, a Nestlé destacou que perdas ocasionais em decorrência de desinvestimentos não comporão os cortes planejados. O objetivo é fortalecer a estrutura para impulsionar o crescimento interno real, que apresentou melhora no terceiro trimestre, impulsionado por aumento de preços e crescimento de volumes.
Mudanças na liderança em meio a turbulências
A nomeação de Navratil, veterano na Nestlé com mais de 20 anos na empresa e responsável pelo negócio Nespresso até recentemente, ocorreu após a saída repentina de Laurent Freixe. Sua gestão foi marcada por turbulências, incluindo a saída antecipada do presidente do conselho, Paul Bulcke, substituído por Pablo Isla, ex-CEO da Inditex.
Durante teleconferência com analistas, Navratil afirmou que manterá a estratégia de Freixe, focada em publicidade, menos unidades, mas maiores, e na venda de negócios insatisfatórios, além de reforçar uma cultura de alta performance e avaliação implacável de resultados.
Perspectivas futuras e desafios
Analistas avaliam positivamente a ambição de Navratil de promover uma cultura que valorize resultados e participação de mercado. Jones Edwardes Jones, do RBC Capital Markets, destacou que a melhora no crescimento interno é fundamental para recuperar a confiança dos investidores, que tem se mostrado fragilizada nos últimos meses.
Mesmo com os ajustes, a Nestlé continua focada em aumentar sua participação no mercado global de alimentos, avaliando possibilidades de novas aquisições e fortalecimento de setores estratégicos para sustentar o crescimento a longo prazo.
Para mais detalhes, leia a matéria completa em O Globo.