Brasil, 16 de outubro de 2025
BroadCast DO POVO. Serviço de notícias para veículos de comunicação com disponibilzação de conteúdo.
Publicidade
Publicidade

Investigação revela esquema de venda de sentenças judiciais no STJ

A Polícia Federal investiga um esquema que envolve venda de sentenças judiciais no STJ, com três núcleos identificados.

A recente investigação da Polícia Federal (PF) revelou um esquema complexo de venda de sentenças judiciais no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Com o uso de técnicas de disfarce e comunicação cifrada, três núcleos criminosos operavam há anos no tribunal, comprometendo a integridade do sistema judiciário brasileiro. Os detalhes surgem no contexto de um inquérito sigiloso que tramita no Supremo Tribunal Federal (STF), sob a relatoria do ministro Cristiano Zanin.

Os núcleos da corrupção judicial

A PF identificou três núcleos principais envolvidos no esquema. O primeiro núcleo é composto por agentes públicos vinculados a gabinetes de ministros do STJ. Este grupo, que inclui ex-chefes de gabinete, teria acessado informações sensíveis e vazado minutas de decisões antes de serem oficialmente proferidas. Os investigados utilizavam mensagens portadoras de significados cifrados para evitar que suas comunicações fossem facilmente interpretadas.

O segundo núcleo envolve advogados e lobistas, incluindo Andreson de Oliveira Gonçalves, uma figura central nas investigações. Este grupo era responsável por captar clientes interessados em decisões judiciais favoráveis em troca de quantias financeiras. O terceiro núcleo compreende empresários, principalmente ligados ao agronegócio, que se beneficiavam diretamente de sentenças manipuladas, especialmente em casos de falência.

Metodologia de operação do esquema

Durante a investigação, a PF constatou que os envolvidos utilizavam contactos salvos em seus celulares com nomes genéricos como “pedreiro” e “veterinário” para esconder suas verdadeiras identidades e o teor das conversas. A PF explicou que expressões aparentemente triviais, como “a obra está pronta”, fariam referência a uma minuta finalizada, enquanto “faltam os retoques do patrão” indicaria a necessidade da assinatura de um magistrado.

Além disso, informantes dentro do STJ supostamente introduziam alterações em minutas para favorecer certas decisões, criando condições propícias para a manipulação dos resultados. A complexidade do esquema é descrita pela PF como uma rede sistêmica de corrupção, envolvendo múltiplos operadores e sofisticados fluxos financeiros.

Provas e desenvolvimento da investigação

O cenário surgiu mais confuso do que se esperava inicialmente, revelando a extensão do problema. Através de um celular apreendido pertencente a um dos investigados, a PF encontrou uma lista de processos sob a relatoria de uma ministra do STJ, que apontava para um controle paralelo das atividades jurisdicionais.

Elementos adicionais, extraídos da nuvem de dados de um dos suspeitos, mostraram tratar de contatos com servidores e magistrados, indicando não apenas a envolvêcia em transações ilegais, mas também tentativas de influenciar decisões e indicações de magistrados para cargos públicos. O relatório da PF estabelece uma sólida base de evidências, mas ressalta que a investigação ainda não chegou ao fim e serão necessárias mais diligências.

Reações e próximo passos

Em resposta ao surgimento das investigações, alguns dos citados declararam não ter conhecimento sobre o conteúdo que está sendo apurado devido à natureza sigilosa do inquérito. A ministra Isabel Gallotti, por exemplo, enfatizou que seu gabinete está aberto para colaborar com as investigações, reforçando que todos os fatos devem ser devidamente apurados.

Os próximos passos da PF incluem um aprofundamento nas análises de provas e a coleta de depoimentos, para que possam ser responsabilizados todos os envolvidos. O desdobramento dessa investigação pode gerar repercussões significativas para o sistema judicial brasileiro e para a confiança da sociedade nas instituições.

À medida que os dados e as informações são avaliados, muitos se questionam sobre a possibilidade de reformas dentro do sistema judiciário, para evitar que escândalos desse tipo voltem a acontecer. O que está claro, porém, é que a trama de corrupção revelada pela PF é um convite à reflexão profunda sobre os mecanismos de controle e transparência nas decisões judiciais.

PUBLICIDADE

Institucional

Anunciantes