Faltando menos de 48 horas para sua aposentadoria oficial do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Luís Roberto Barroso está vivendo um período de intensa atividade e celebração. Com a agenda recheada de compromissos, ele se despede de um dos papéis mais proeminentes do judiciário brasileiro, enquanto se prepara para um retiro espiritual após deixar a Corte.
Uma noite de celebrações em Brasília
Nesta quarta-feira, Barroso se reunirá com sua equipe em um evento especial em um clube de elite em Brasília. A festa, organizada por seu gabinete, sucedeu um jantar reservado na noite anterior que reuniu diversas figuras do Judiciário e da política para homenagear o ministro. Entre os convidados estiveram nomes de destaque, como ministros do STF e do STJ, além de líderes políticos, que aproveitaram a ocasião para celebrar os anos de serviço de Barroso e discutir a sua trajetória à frente da Corte.
Retiro espiritual e meditação
Antes da festa, Barroso dará destaque à espiritualidade em sua agenda. Ele receberá, no fim da tarde, a professora de meditação Erica Berto, representante da organização espiritual indiana Brahma Kumaris. Este encontro reflete a intenção de Barroso de se aprofundar ainda mais na prática de meditação Raja Yoga, que faz parte de sua rotina há anos. De acordo com interlocutores, ele planeja viajar ainda em outubro para um retiro espiritual e assim poder dedicar-se mais a esse aspecto de sua vida.
Reflexões políticas e sucessão no STF
No jantar de despedida realizado na noite de terça-feira, temas como a sucessão no STF foram amplamente discutidos. Entre os presentes estavam ministros como Kássio Nunes Marques e Luiz Fux, e o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). O nome do atual advogado-geral da União, Jorge Messias, e do senador Rodrigo Pacheco foram mencionados como possíveis sucessores de Barroso. Apesar do tom descontraído do encontro, as conversas revelaram a preocupação e a expectativa em torno da escolha do próximo ministro.
Último voto em pauta
Antes de sua despedida oficial, Barroso ainda cogita deixar um legado com um importante voto no julgamento referente à descriminalização do aborto até a 12ª semana de gestação. O julgamento, que está suspenso desde 2023, pode ser destravado se Barroso decidir liberar seu voto antes de se aposentar. Essa possibilidade marca um dos últimos atos significativos de sua administração no STF, dado o impacto que uma decisão sobre o tema pode ter na sociedade brasileira.
O impacto emocional da despedida
A aposentadoria de Barroso não é apenas um momento de despedida; é também um reflexo de sua trajetória. Em seu discurso de aposentadoria, anunciado no último dia 9, ele expressou seu desejo de “viver um pouco mais a vida que me resta, sem as disposições, obrigações e exigências públicas do cargo”, almejando se dedicar mais à literatura e à poesia, paixões que sempre o acompanharam.
A saída de Barroso abre espaço para uma nova indicação por parte do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que já se reuniu com ministros do Supremo em um jantar para discutir a sucessão na Corte. Embora o presidente tenha evitado comentar nomes, a expectativa de que a escolha do novo ministro seja de grande relevância persiste entre os membros do STF, que esperam que o próximo indicado preserve a autoridade institucional e a integridade do tribunal.
