Brasil, 16 de outubro de 2025
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Bolsonaristas acionam Comissão de Direitos Humanos da OEA por Carla Zambelli

Parlamentares aliados de Jair Bolsonaro denunciam supostas violações de direitos humanos no julgamento da deputada Carla Zambelli.

Um grupo de parlamentares aliados de Jair Bolsonaro acionou nesta quarta-feira (15) a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), órgão consultivo da Organização dos Estados Americanos (OEA), para denunciar supostas violações cometidas pelo Brasil no julgamento da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), que fugiu do país para não cumprir pena definida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e acabou presa na Itália em julho passado.

Apetição dos parlamentares

A petição é assinada por 15 bolsonaristas dos partidos PL, Novo, PP e Podemos, entre eles o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), primogênito do ex-presidente, e o líder da oposição no Senado Federal, Rogério Marinho (PL-RN). Para os congressistas, Zambelli é vítima de irregularidades processuais que violam a Convenção Americana sobre Direitos Humanos e tratados da ONU, e se enquadrariam “nos parâmetros de prisão arbitrária e tratamento desumano e degradante, sob responsabilidade direta do Estado brasileiro”.

Recomendações à CIDH

Os autores da denúncia pedem que a CIDH recomende ao Brasil o cumprimento dos tratados internacionais dos quais o país é signatário e à Itália o respeito à sua Constituição. Os bolsonaristas sustentam que a prisão de Zambelli, que também é cidadã italiana, pelas autoridades do país mediterrâneo se deu através de uma “cooperação internacional irregular” entre Brasília e Roma.

Os parlamentares solicitam ainda que a comissão remeta a petição à Corte Interamericana de Direitos Humanos “caso necessário” e “determine a adoção de garantias de não repetição, com reformas institucionais no sistema de controle judicial”. Por fim, apelam para que a situação de Zambelli “contribua para futura inclusão do caso em relatório temático ou sessão pública da CIDH ou da ONU sobre judicialização autoritária”.

O caso de Carla Zambelli

Antes uma das deputadas mais próximas de Bolsonaro, Carla Zambelli foi condenada em maio passado pelo Supremo a dez anos de prisão por envolvimento na invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), junto com o hacker Walter Delgatti. Na ocasião, os dois forjaram um mandado de prisão contra o ministro do STF Alexandre de Moraes assinado por ele mesmo. Ela fugiu do país em maio para evitar o cumprimento da pena.

O veredicto foi unânime e contou com o apoio dos ministros indicados por Jair Bolsonaro para a Corte, Kassio Nunes Marques e André Mendonça. Apesar disso, aliados do ex-presidente tentam convencer a CIDH de que o julgamento ocorreu sob um “contexto mais amplo de judicialização política no Brasil” com “reiteradas violações às garantias judiciais”.

Direitos humanos e saúde da deputada

Para os signatários da petição enviada à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, o julgamento de Zambelli feriu a Convenção Americana sobre Direitos Humanos e o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos, através de uma série de irregularidades relacionadas ao devido processo legal, ao juiz natural e à presunção de inocência.

Os aliados de Bolsonaro também argumentam que Alexandre de Moraes não poderia ter relatado o processo da deputada, uma vez que o ministro seria, em tese, vítima do episódio da invasão do CNJ. A petição critica a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por se basear “quase exclusivamente em depoimentos de um corréu de reputação processual comprometida”.

Além disso, parlamentares tentam convencer a CIDH de que Zambelli enfrenta um “grave quadro de saúde” caracterizado por diferentes diagnósticos como fibromialgia, doença cardiovascular, depressão severa, síndrome da taquicardia postural ortostática e histórico de meningioma cerebral. Para os bolsonaristas, essas condições médicas configuram a violação a regramentos das Nações Unidas sobre o tratamento de presos.

A situação atual de Zambelli

A deputada está presa em um presídio feminino nos subúrbios de Roma. Sua defesa tentou pleitear que ela aguardasse a definição do pedido de extradição feito pelo Brasil em liberdade, apresentando os mesmos argumentos sobre a suposta debilidade de sua saúde. Contudo, a Justiça italiana negou o recurso e manteve a prisão da parlamentar.

No mês passado, quatro signatários da petição viajaram à Itália em uma tentativa de interceder por Zambelli junto ao governo do país. A deputada deixou o Brasil em 24 de maio e sua fuga se deu através da fronteira com a Argentina. O nome de Zambelli foi incluído na lista de difusão vermelha Interpol após sua fuga e, em julho, ela foi presa às margens de Roma.

A petição formalizada à CIDH representa uma nova fase da luta política e jurídica em torno de Carla Zambelli, que agora está sob análise internacional em um cenário repleto de disputas sobre direitos humanos.

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