Na terça-feira, 13 de outubro de 2025, durante o Festival da Diplomacia, o secretário das Relações com os Estados da Santa Sé, Paul Richard Gallagher, abordou a situação delicada em Gaza, destacando o recente acordo mediado pelos Estados Unidos, ao mesmo tempo em que expressou a complexidade da questão russo-ucraniana. O evento, realizado na Embaixada da Itália junto à Santa Sé, marca a XVI edição do festival, que promove diálogos sobre temas relacionados à diplomacia e às relações internacionais.
A importância do acordo para Gaza
Gallagher iniciou sua fala reconhecendo a fragilidade do acordo para Gaza, que foi assinado no último domingo em Sharm el-Sheikh, no Egito. Ele destacou a necessidade de trabalho contínuo por parte dos mediadores e participantes envolvidos para garantir um futuro pacífico. O secretário elogiou o empenho do presidente dos EUA, Donald Trump, em facilitar as negociações e ressaltou que, apesar dos avanços, o equilíbrio na região ainda é delicado e exige um comprometimento de todas as partes.
Apoio às comunidades cristãs em Gaza
Um dos pontos altos da intervenção de Gallagher foi o apoio da Santa Sé às comunidades cristãs na região, onde a Igreja tem se empenhado em manter um diálogo contínuo e prestar assistência. O arcebispo mencionou as ligações frequentes do Papa Francisco com a paróquia da Sagrada Família em Gaza e o apoio do Patriarcado Latino de Jerusalém a iniciativas que promovem a paz e a reconciliação entre os povos. Gallagher observou que, embora a Santa Sé não tenha tido um papel direto nas mediações, sempre trabalhou para incentivar o diálogo e o respeito ao direito internacional.
Pontos críticos do acordo de paz
O embaixador Giampiero Massolo, que participou do diálogo ao lado de Gallagher, abordou as fragilidades remanescentes do acordo, como o desarmamento do Hamas e a retirada de Israel da Faixa de Gaza. Ele apontou que as dinâmicas políticas atuais complexas, como a falta de uma perspectiva de Estado palestino, complicam ainda mais essas questões. Contudo, Massolo expressou otimismo, afirmando que os acordos de Abraão podem servir como uma base comum de interesse entre as partes.
A relação com outras religiões e a Declaração Nostra Aetate
Gallagher também comentou sobre a importância da declaração Nostra Aetate na construção de relações saudáveis entre diferentes religiões. Ele reconheceu que a tensão gerada pelo conflito nos últimos anos causou mal-entendidos entre o cristianismo e o judaísmo, mas enfatizou a necessidade de buscar a reconciliação. O secretário ressaltou os avanços nas relações com o islamismo, destacando encontros significativos com líderes religiosos e iniciativas de diálogo inter-religioso promovidas pelo Papa Francisco.
A complexidade da guerra na Ucrânia
Ao abordar a complexidade da guerra na Ucrânia, Gallagher mencionou que, ao contrário de Gaza, onde há sinais de interesse comum entre as partes envolvidas, a situação na Ucrânia ainda carece de uma base sólida para negociações. Ele expressou esperança de que a paz seja possível no futuro, mas alertou que os desafios atuais são significativamente diferentes. A Santa Sé, segundo Gallagher, continuará a facilitar os contatos e manter um papel ativo nas questões humanitárias, com foco especial na troca de prisioneiros e apoio às crianças afetadas pelo conflito.
Crises esquecidas e futuras missões do Papa
O secretário das Relações com os Estados também mencionou a necessidade de se concentrar em crises esquecidas, como a guerra civil no Sudão e a situação na República Democrática do Congo. Ele destacou a próxima viagem do Papa Leão XIV à Turquia e ao Líbano, onde a Santa Sé busca promover a paz e a estabilidade. Gallagher destacou a relevância histórica do Concílio de Niceia e a importância de manter relações positivas com o Patriarcado de Constantinopla.
A visita do Papa ao Quirinal
Por fim, Gallagher expressou grande satisfação pela recente visita do Papa Leão XIV ao presidente italiano, Sergio Mattarella. Ele observou que o encontro simboliza o entendimento mútuo entre a Santa Sé e a Itália, especialmente em relação ao tema da paz. O secretário concluiu sua intervenção enfatizando a importância de continuar o diálogo e reforçar a diplomacia como um meio para promover a paz no mundo.
