As ações do grupo LVMH subiram até 14% em Paris, o maior ganho intradiário desde 2001, após anunciar um retorno ao crescimento das vendas, sinalizando uma possível reversão na desaceleração do setor de luxo mundial. O desempenho impulsionou as ações de outras companhias do segmento na Europa e em Hong Kong, refletindo otimismo dos investidores.
Recuperação das vendas e potencial de retomada na China
Apesar de a receita do terceiro trimestre da LVMH ter crescido apenas 1% em termos orgânicos, o resultado interrompeu uma sequência de dois trimestres de queda e despertou esperança de que a demanda, especialmente na China, possa estar se recuperando. A receita na região que inclui o país cresceu 2% após uma queda de 9% no primeiro semestre, conforme informou a própria empresa na terça-feira à noite.
A diretora financeira da LVMH, Cecile Cabanis, destacou durante teleconferência que houve uma demanda encorajadora na China e que todas as divisões da companhia superaram as estimativas de analistas. Na China, as vendas cresceram 2% no último trimestre, e a região contribuiu positivamente para o resultado anual, uma mudança significativa em relação à perda registrada anteriormente.
Perspectivas de recuperação e impacto global
Analistas do setor, como Chiara Battistini do JPMorgan, afirmaram que o ritmo de recuperação vindo de todas as regiões é encorajador e aponta para uma possível retomada ao crescimento no próximo ano. Além de Paris, as ações de marcas como Gucci, Hermès e Prada também tiveram altas, reforçando o otimismo em relação ao setor.
Segundo Jelena Sokolova, analista da Morningstar, a China ainda possui uma grande parte de economias pós-Covid a serem exploradas pelos consumidores, o que favorece a recuperação da demanda por luxo no país. As vendas nos Estados Unidos cresceram 3%, enquanto na Europa houve uma queda de 2%, devido ao impacto menor do dólar e à redução do fluxo turístico.
Inovações e estratégias no setor de luxo
A LVMH vem investindo na diversificação de suas marcas e no fortalecimento de suas lojas, como a inauguração de uma loja principal da Louis Vuitton em Xangai, em formato de navio, que tem atraído multidões. A empresa também aposta em lançamentos de produtos de alta-costura e maquiagem, além de mudanças na direção criativa de marcas como Christian Dior e Fendi.
Com o setor enfrentando desafios, a expectativa é que os resultados do quarto trimestre sejam mais favoráveis, especialmente em 2026, quando se projeta que as comparações de desempenho serão mais alinhadas. A diretora financeira da LVMH destacou que, apesar da desaceleração recente, os investimentos continuam firmes, demonstrando confiança na recuperação do mercado de luxo global.
A valorização das ações da LVMH e de outras marcas do setor reforça a sinalização de que o consumo de produtos de alto valor, especialmente na China, está revelando sinais de estabilização e até de crescimento, após anos de incerteza.
