O recente avanço nas relações diplomáticas entre o Brasil e os Estados Unidos, que contará com uma nova etapa durante a reunião entre o chanceler brasileiro, Mauro Vieira, e o secretário de Estado americano, Marco Rubio, até o final da semana, tem gerado uma rara coincidência de expectativas tanto entre os apoiadores do governo Lula quanto na oposição. Fontes de ambos os lados acreditam que as sanções comerciais, incluindo a revogação de vistos de autoridades brasileiras, podem ser revistas pela administração Biden.
A expectativa positiva no cenário político
A leitura que prevalece no entorno do presidente Lula e entre parlamentares que mantêm conversas frequentes com representantes dos EUA sugere que os esforços diplomáticos têm surtido efeito na tentativa de amenizar a influência negativa de figuras como o deputado Eduardo Bolsonaro sobre as relações bilaterais, especialmente durante o governo Trump. A escolha de Rubio como interlocutor privilegia a relação entre Washington e Brasília.
O papel de Marco Rubio nas sanções
Marco Rubio é conhecido por seu papel decisivo na implementação de sanções comerciais e políticas contra o Brasil, especialmente em relação a membros do Judiciário brasileiro, como o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, a quem criticou durante seu mandato no Senado pela Flórida. Entretanto, a nova posição que ocupa pode indicar uma disposição para reconsiderar esses embargos e buscar um caminho mais colaborativo.
Pressões e Lobby
Rubio enfrenta pressão de setores econômicos nos EUA que foram afetados(-s) pelas tarifas impostas a produtos brasileiros. Empresas como a JBS, uma das maiores doadoras da presidência de Trump, também fazem parte deste lobby, ressaltando a complexidade do cenário em que interesses comerciais e políticos se encontram.
Nos últimos dias, líderes bolsonaristas admitiram, em tom de derrota, que as sanções, incluindo as revogações de vistos de autoridades do governo e ministros do STF, devem ser revogadas. Existiu, no entanto, alguma incerteza quanto às restrições da Lei Magnitsky aplicadas a Moraes e sua esposa, Viviane Barci de Moraes.
Perspectivas de futuro
Mesmo com a possibilidade de uma mudança significativa nas relações entre Brasília e Washington, aliados de Lula ainda demonstram ceticismo. Eles concentram suas expectativas na resolução de tarifas e na investigação em andamento pelo Escritório do Representante Comercial americano sobre supostas práticas irregulares do governo brasileiro no comércio bilateral.
Num tom amistoso, Trump e Lula dialogaram em um telefonema recente, o que representa um avanço nas relações, segundo o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin. Trump descreveu a conversa como excelente e expressou sua vontade de se encontrar com Lula em um futuro próximo, o que destaca a intenção mútua de estreitar os laços entre os dois países.
Relações em transformação
As relações entre Lula e Trump passaram por uma reavaliação considerável. Lembrando que ambos tiveram declarações hostis no passado, a possibilidade de um diálogo construtivo traz à tona uma nova dinâmica. Essas interações não apenas sinalizam um futuro potencialmente mais colaborativo, mas também um reconhecimento da importância da diplomacia na resolução de conflitos e na promoção de um comércio mais equilibrado entre os dois países.
A possibilidade de uma melhora nas relações diplomáticas entre o Brasil e os EUA por meio dessa nova etapa de negociações pode, de fato, representar um marco importante, não apenas nas expectativas políticas internas, mas também nas relações internacionais que impactam diretamente a economia brasileira.
À medida que Mauro Vieira se prepara para as reuniões em Washington, os próximos dias prometem ser decisivos para o futuro do Brasil nas relações internacionais e, especialmente, na sua relação com os Estados Unidos.