Os Correios estão negociando um empréstimo de aproximadamente R$ 20 bilhões junto ao governo e bancos, visando sanar suas dificuldades financeiras até 2026. O valor representa quase todo o faturamento de R$ 18,9 bilhões registrado em 2024, e é essencial para evitar a deterioração da situação econômica da estatal.
Detalhes do financiamento e possíveis apoios
Segundo interlocutores da empresa, o Tesouro Nacional lidera as negociações com um sindicato de bancos, incluindo Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal e instituições privadas. As condições do empréstimo devem ser anunciadas nesta semana, com uma possível participação do governo como avalista, medida que enfrenta resistência da equipe econômica.
Condicionalidades e reestruturação
Para facilitar o acesso ao crédito, o Tesouro estuda atuar como garantidor, mas a estatal precisará realizar uma série de ajustes, como cortar gastos com pessoal por meio de um novo plano de demissão voluntária, regularizar passivos trabalhistas, além de resolver dívidas com fornecedores e encargos com o INSS. A intenção é mostrar credibilidade e cumprir o plano de reestruturação.
Contexto financeiro e dívidas acumuladas
O problema de caixa dos Correios persiste desde o ano passado, agravado pela queda de receitas, como explicou o ex-presidente Fabiano Silva dos Santos. Segundo ele, a cobrança de impostos sobre compras internacionais de até US$ 50 e o fim do monopólio nos aeroportos internacionais reduziram o faturamento em R$ 4 bilhões.
Atualmente, a empresa enfrenta um técnico prejuízo de R$ 7 bilhões no primeiro semestre, com patrimônio negativo de R$ 8,7 bilhões. As dívidas totais incluem benefícios trabalhistas de curto prazo, que totalizam R$ 4,2 bilhões, além de passivos de longo prazo de R$ 9,5 bilhões, envolvendo encargos, dívidas com o Postal Saúde e salários em atraso.
Empréstimos já captados e a situação de risco
Apesar dos empréstimos obtidos, as dívidas continuam se acumulando. Em dezembro de 2024, a estatal fez captações de R$ 300 milhões junto ao banco Daycoval e mais R$ 250 milhões com o ABC, ambas com vencimento em dezembro deste ano. Em junho, um sindicato de bancos emprestou outros R$ 1,8 bilhão, com vencimento em novembro de 2026.
Desafios de gestão e perspectivas futuras
Analistas ressaltam que, apesar da urgência em obter novos recursos, melhorias na gestão da empresa são essenciais para evitar agravamento da crise financeira. Para Daniel Pecanka de Andrade, especialista em finanças, é fundamental adotar um processo rigoroso de reestruturação, com foco na eficiência operacional e redução de custos.
Segundo ele, o valor do empréstimo deve ser avaliado atentamente, principalmente quanto às condições de prazo e taxas de juros. “Se o crédito for de curto prazo, não resolve o problema de forma sustentável”, alerta Pecanka, destacando que o sucesso da recuperação dependerá de uma gestão mais eficiente e de medidas estruturais.
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