Brasil, 15 de outubro de 2025
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Maga Christians pressionam por mulheres que fiquem em casa, mas há um grande obstáculo

Mulheres conservadoras defendem submissão e papel tradicional, mas a realidade econômica dificulta essa escolha.

No episódio de abril de 2025 do programa The Charlie Kirk Show, Erika Kirk, esposa do falecido líder conservador Charlie Kirk, comentou sobre submissão e o papel de mulher em um casamento “bíblico”.

O papel tradicional e seus desafios atuais

Erika afirmou que, segundo a visão dela, o homem deve ser o que trabalha, conquista e constrói, enquanto a esposa deve apoiar e receber seu marido em casa. Ela relembrou que, na infância, seu pai saiu brevemente para ser o provedor, uma experiência que descreveu como “especial”. No entanto, destacou que seus pais se divorciaram, o que, para ela, reforça a ideia de que o casamento é mais forte quando o homem é o provedor.

Após a morte de Charlie Kirk, Erika foi nomeada CEO e presidente do conselho da Turning Point USA, a organização fundada por seu marido, reforçando a transição de seu papel de esposa para líder empresarial em um movimento conservador.

Conflito entre mensagens tradicionais e papéis modernos

Erika, de 36 anos, busca equilibrar sua crença na submissão tradicional com o fato de estar no comando de uma organização política. Especialistas apontam que essa é uma continuidade de uma estratégia histórica dentro do conservadorismo, que frequentemente aceita múltiplos papéis femininos — enquanto promove a ideia de que tudo deve ser feito com a bênção do marido ou de uma figura paterna.

Para a professora de ciência política Shauna Shames, do Rutgers University, Erika é uma “modernização” de modelos tradicionais, comparável a figuras como Phyllis Schlafly, uma ativista que, apesar de defender o papel tradicional da mulher, tinha uma carreira política atuante.

Histórico de conservadoras e a influência de Schlafly

Phyllis Schlafly, conhecida por liderar a campanha contra a Emenda dos Direitos Iguais nos anos 70, conseguiu equilibrar seu papel de mãe, esposa e ativista, usando sua imagem como defensora do “feminismo tradicional”. Ao falar de seu casamento, ela dizia que seu marido permitia suas atividades públicas, uma justificativa comum entre conservadoras para justificar a dedicação à causa do movimento tradicional.

Contradições na nova geração de mulheres conservadoras

Enquanto Erika Kirk mantém uma formação acadêmica sólida e participa de atividades públicas, ela também reforça a narrativa de que a submissão e o papel de mãe são prioridades, e que sua carreira é uma extensão do trabalho de seu marido. Especialistas como Shauna Shames, da Johns Hopkins University, indicam que esse dualismo de papéis é uma estratégia que busca valorizar a devoção à família, mesmo que contradiga a ideia de independência feminina promovida por o movimento feminista.

Quem apoia essa visão?

Seguidores do conservadorismo, como o professor Donald Critchlow, veem a posição de Erika como uma continuação da tradição de Schlafly, onde mulheres podem ser civicamente engajadas – mas sempre priorizando sua função de esposa e mãe. Outros, como a analista Amy Binder, destacam que essa postura não é necessariamente uma contradição, mas sim uma maneira de fortalecer a visão tradicional de que a mulher deve ser dedicada à família acima de tudo.

O impacto na sociedade e o futuro do feminismo

Apesar de alguns apontarem que movimentos como o de Erika Kirk possam representar o fim do feminismo, especialistas afirmam que essa narrativa é exagerada. Shauna Shames explica que o feminismo, na verdade, encontra-se em um de seus momentos mais fortes, com mais opções e direitos para mulheres do que nunca. A ideia de “matar” o movimento é uma estratégia constante, mas sem sucesso real até o momento.

Erika, ao declarar que seu envolvimento na política e nos negócios é uma forma de continuar o legado de seu marido, reforça uma linha de pensamento conservador que vê na estrutura familiar tradicional uma prioridade indissolúvel. Contudo, a realidade econômica de grande parte das famílias dificulta essa escolha. Dados do Pew Research Center mostram que quase a totalidade dos pais, mesmo de posicionamentos políticos diversos, trabalha fora de casa atualmente, enfrentando altos custos de vida e limitações financeiras.

Assim, o debate sobre papéis tradicionais versus a prática econômica e social contemporânea continua. A mensagem de Erika Kirk, embora reverberada por segmentos conservadores, ainda encontra obstáculos na vida real, onde a questão financeira muitas vezes impede que mulheres sigam à risca o ideal de submissão e dedicação exclusiva ao lar.

Para saber mais sobre o papel das mulheres na política e os desafios econômicos enfrentados pela maternidade hoje, acesse nossas análises e reportagens especiais no site do Jornal Diário do Povo.

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