Os habitantes da Faixa começam a refletir sobre o futuro de seu território, sofrendo pelo que perderam, mas conscientes de terem conseguido chegar ao fim da guerra. Padre Romanelli: “Esperamos que este seja o início de um novo período de paz baseado na justiça, seja de um lado ou do outro do muro”.
Diante do estado de devastação em que Gaza se encontra e da imensidão da dor de seus habitantes — mas também do trabalho e do empenho que os aguardam —, os cristãos reagem assumindo o compromisso de reconstruir e cuidar das pessoas. O padre Gabriel Romanelli, pároco da Sagrada Família na cidade de Gaza, reflete agora sobre a esperança de ver estabelecer-se uma paz justa para todos, “de um lado e do outro do muro”.
A situação atual em Gaza
O estado de espírito dos moradores de Gaza é um misto de esperança e apreensão. Padre Romanelli expressa o temor de que este momento de paz possa ser efêmero, como já aconteceu em outras ocasiões. No entanto, ele observa que há um sentimento generalizado de que esta guerra pode realmente ter chegado ao fim e que um novo começo é possível. Apesar da alegria compartilhada neste momento, é impossível ignorar a total devastação que a cidade enfrenta. Muitas pessoas que buscaram refúgio em sua paróquia perderam suas casas, e a destruição se estende por bairros inteiros, com as escolas e hospitais arrasados.
Desafios da reconstrução
A paróquia da Sagrada Família, sob a liderança do cardeal Pierbattista Pizzaballa e de várias associações, se empenha em ajudar as milhares de famílias afetadas. No entanto, a situação é crítica. Com escolas e estruturas essenciais danificadas ou ocupadas por refugiados, o aprendizado e a vida social dos jovens e adultos foram severamente comprometidos. “Das três escolas que tínhamos, duas foram bombardeadas e a terceira está cheia de refugiados”, comenta Romanelli. A paróquia, que antes tinha 2.250 alunos, precisa agora encontrar alternativas para a educação numa cidade em ruínas.
Superando o medo através da fé
O padre Romanelli enfatiza que, apesar das dificuldades, a vida espiritual é fundamental para a comunidade. Ele relata que os cristãos do Oriente Médio têm aprendido a transformar a raiva e o medo em serviço ao próximo. “A guerra é obra dos homens, não de Deus. Em Deus, encontramos força, paz e a graça para continuar nossa vida espiritual e servir a todos”, afirma ele. Essa transformação de sentimentos negativos em ações construtivas é vital para a reconstrução social e emocional em Gaza.
Um futuro de paz baseado na justiça
O processo de paz em Sharm el-Sheikh é um sinal de que há um desejo coletivo de reconstrução e diálogo. No entanto, o padre Romanelli destaca que essa paz deve ser baseada na justiça e no respeito aos direitos humanos, independentemente de onde as pessoas vivam. “Se os direitos não forem respeitados, problemas poderão surgir no futuro”, adverte. A esperança é que a população, tanto em Gaza quanto em Israel e na Cisjordânia, que está cansada de conflitos, possa finalmente desfrutar de um período de paz duradoura.
O papel da comunidade internacional
A comunidade internacional também desempenha um papel importante nesse processo de reconstrução. É essencial que ajudas humanitárias cheguem a Gaza, não apenas para restaurar infraestruturas, mas também para reestabelecer a dignidade dos cidadãos. O comprometimento da Igreja e das associações locais em cuidar dos necessitados é um exemplo de resiliência e amor ao próximo que deve ser apoiado por ações concretas de outros países e organizações.
Em suma, a comunidade cristã em Gaza, liderada pelo padre Romanelli, procura se reerguer após um período de intensa dor e perda. Com fé e determinação, eles aspiram a um futuro melhor, onde a paz e a justiça prevaleçam, beneficiando todos os cidadãos da região.
Com um compromisso renovado de ajuda mútua e reconstrução, os habitantes de Gaza e seus líderes religiosos estão determinados a transformar a devastação em esperança e um novo começo.