Brasil, 14 de outubro de 2025
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Aumento da população em situação de rua atinge países desenvolvidos e em desenvolvimento

Especialistas destacam crescimento de pessoas sem teto na Europa, EUA e Brasil, evidenciando crise social global mesmo antes da pandemia

O crescimento da população em situação de rua não é um fenômeno exclusivo do Brasil. Países desenvolvidos, como Estados Unidos, Alemanha, Irlanda e nações da União Europeia, também vêm enfrentando aumento de pessoas sem teto, mesmo antes da pandemia, apontam especialistas internacionais.

Contexto global e europeia da crise de moradia

De acordo com Laura Muller Machado, professora do Insper e coordenadora do Núcleo de População em Situação de Rua, na Europa, países como Alemanha, Irlanda, Bélgica, Holanda e Reino Unido registraram aumentos expressivos, variando entre 30% a mais de 200% na população de rua entre 2002 e 2018. Em 2022, pelo menos 895 mil pessoas viviam sem teto na região, segundo a Federação Europeia de Organizações que Trabalham com Pessoas em Situação de Rua.

Desigualdade territorial e fatores socioeconômicos

Nos Estados Unidos, a taxa chega a seis pessoas sem teto para cada mil habitantes, bem acima da média brasileira de 1,2 por mil. Marco Natalino, sociólogo do Ipea, avalia que o alto custo de moradia é uma das principais razões para esse aumento, aliado a problemas de saúde mental e dependência química.

No Brasil, a situação se concentra em regiões mais ricas, como o Distrito Federal, São Paulo e Rio de Janeiro, onde a taxa por mil habitantes atinge 1,2. Em estados como Pernambuco, Rondônia e Paraíba, o índice cai para 0,5 por mil, refletindo variações regionais importantes.

Percepções errôneas e causas reais da população em rua

Estudos feitos por Machado e outros pesquisadores do Insper revelam que há um entendimento equivocado sobre as principais causas do fenômeno. Em países como Austrália, 91% da população acredita que o vício em drogas é o principal motivo para o aumento de pessoas sem teto, embora somente 10% dos moradores de rua relatem essa razão.

A profissional destaca que fatores como conflitos familiares, desemprego e dependência química estão na origem da situação de rua, sendo que a questão é complexa e exige políticas públicas robustas. Na Europa, muitas ações ainda estão em fase de testes para determinar o que realmente funciona para reduzir essa população crescente.

Medidas adotadas e desafios no Brasil e exterior

No Brasil, estão em fase inicial iniciativas como o projeto piloto do programa Moradia Cidadã, seguindo o exemplo do conceito house first adotado nos Estados Unidos. A expectativa é proporcionar moradia digna com acompanhamento social e médico, além de reinserção no mercado de trabalho. Atualmente, são 200 casas disponíveis nesse projeto.

Em países europeus, a resposta das políticas públicas ainda é considerada frágil, embora alguns países, como a Finlândia, tenham observado melhorias. A depressão, por exemplo, foi a causa que levou Márcio Campos, educador social do Rio de Janeiro, a ficar em situação de rua por quatro meses, desencadeada pela morte da irmã e divórcios.

Perspectivas e necessidade de abordagem integrada

O especialista Regis Spíndola, do Ministério do Desenvolvimento Social, aponta que as ações precisam ser contínuas e direcionadas às particularidades regionais. Programas de moradia temporária, como o Casa Cidadã, estão sendo implementados, mas ainda há muito a avançar para uma solução definitiva.

O crescimento global de pessoas sem teto demonstra a urgência de uma abordagem humanizada, com atenção às sequelas psíquicas, e de políticas públicas que envolvam assistência social, saúde mental, moradia e inclusão social, para enfrentar essa crise que impacta diferentes regiões do mundo.

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Tags: população em situação de rua, crise habitacional, políticas públicas, desigualdade social, Europa, EUA, Brasil

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