A prática regular de atividades físicas demanda uma alimentação equilibrada e a correta absorção de nutrientes pelos praticantes. Com o crescimento do universo fitness, muitos jovens estão recorrendo à suplementação, especialmente ao whey protein, na busca por um desempenho melhor nas atividades esportivas. Porém, é fundamental entender até que ponto essa prática é realmente necessária e segura.
O que leva os jovens a optarem pela suplementação?
O fenômeno da suplementação alimentar já é comum entre os jovens brasileiros, especialmente aqueles que frequentam academias. É o caso de Laura Pavão, de 16 anos, que decidiu tomar whey protein após receber a recomendação de sua professora de musculação. Segundo ela, a suplementação foi uma estratégia para impulsionar o ganho de massa muscular. “Na época, eu tinha apenas começado e queria ganhar massa muscular. A professora me falou para tomar whey todos os dias, pelo menos uma vez ao dia”, contou Laura.
Após cinco meses de uso, Laura optou por substituir o whey protein pela creatina, afirmando ter notado uma diferença significativa em seu desempenho. Essa busca por suplementos é impulsionada, muitas vezes, por uma informação generalista que desconsidera as necessidades individuais de cada jovem atleta.
A importância da orientação profissional
O nutricionista Alexandre Danton, que possui mestrado em nutrição pela Universidade Estadual do Ceará (UECE), ressalta que a suplementação deve ser individualizada e considerada com cautela, especialmente em jovens que ainda estão em fase de crescimento. “Cada esporte tem necessidades específicas que determinam se é interessante a suplementação ou não. Assim como cada corpo”, explica o especialista.
Danton enfatiza que, em vez de focar exclusivamente no desempenho físico, os jovens devem priorizar o crescimento saudável de ossos, músculos e outros tecidos corporais. Ele esclarece que o whey protein, um concentrado derivado de proteínas do soro do leite, contém aminoácidos essenciais para o crescimento muscular. Por outro lado, a creatina é um composto que, embora natural, também pode ser encontrado em versão concentrada e que serve como combustível para os músculos esqueléticos.
Quando a suplementação é realmente necessária?
De acordo com Thiago Monteiro, especialista em nutrição esportiva e ex-nutricionista do Flamengo, a suplementação pode ser indicada em situações específicas:
- Proteína em pó (whey): quando a dieta não atinge a meta proteica do dia ou é utilizada pós-treino.
- Creatina: pode ser considerada para adolescentes que iniciaram tarde em modalidades de força/potência, mas sempre com avaliação adequada.
- Micronutrientes: como vitaminas e minerais, somente se uma deficiência for confirmada.
Monteiro adverte que tomar suplementos por conta própria pode levar a problemas de saúde. Por exemplo, o consumo excessivo de vitaminas pode resultar em hipervitaminose, que tem consequências graves. “A hipervitaminose de vitamina D pode causar perda de apetite, náuseas e fraqueza, enquanto a de vitamina A está ligada à queda de cabelo e problemas ósseos”, alerta.
Riscos da automedicação e contraindicações
Nenhum suplemento é universalmente adequado e a orientação profissional é crucial. Monteiro observa que a priorização deve ser o crescimento e a saúde dos jovens. Qualquer substância que melhore o desempenho físico deve ser monitorada por um nutricionista.
Além disso, alguns produtos, como pré-treinos concentrados ou energéticos industrializados, são frequentemente contraindicados devido ao seu alto teor de cafeína e outros estimulantes. “Esses produtos podem aumentar a frequência cardíaca e a pressão arterial, elevando o risco de arritmia, especialmente em adolescentes”, explica o especialista. O consumo frequente desses suplementos pode resultar em dependência e problemas como insônia e ansiedade.
A cafeína em doses moderadas, como a encontrada em um café coado, é considerada segura e pode até ser benéfica para o foco e disposição durante o treino. “Um café simples antes do treino pode até ser benéfico”, conclui Monteiro.
Em resumo, a suplementação na adolescência deve ser tratada com precaução e sempre acompanhada por um profissional qualificado para que o foco primordial continue sendo a saúde e o desenvolvimento adequado do jovem atleta.
