O Planalto Tibetano, a quase 3.000 metros de altitude, abriga o maior parque solar do mundo, com uma capacidade instalada de mais de 16.930 megawatts, suficiente para abastecer toda a cidade de Chicago. A iniciativa faz parte do esforço da China de transformar o Tibet em um polo de energia renovável, aproveitando o sol intenso, as baixas temperaturas e a altitude elevada.
O império solar de Qinghai
Com uma área de 412 quilômetros quadrados no Condado de Gonghe, no oeste da província de Qinghai, o Parque Solar Talatan é considerado pioneiro na utilização de altitudes elevadas para a geração de energia limpa.
[Fonte: Fonte externa]. Nenhum outro país aproveita altitudes tão elevadas para construir parques solares, eólicos e hidrelétricos em escala semelhante.
Desde sua implantação inicial em 2012, os painéis solares passaram por sucessivas melhorias que elevaram sua altura e eficiência, permitindo que o projeto continue em expansão com planos de alcançar uma área dez vezes maior que Manhattan nos próximos três anos. Além disso, na região de Qinghai, o custo da energia solar e eólica chega a ser 40% menor que o carvão.
Política, tecnologia e o futuro energético
Apesar de ainda manter uma grande dependência do carvão, o presidente Xi Jinping prometeu na ONU reduzir as emissões de gases de efeito estufa e multiplicar por seis a capacidade de energia renovável do país na próxima década, uma aposta que coloca a China na liderança global de transição energética.
O governo chinês concentra esforços na instalação de parques solares de alta altitude, além de ampliar sua capacidade de geração hidrelétrica e eólica, como no caso das barragens no rio Yarlung Tsangpo, que podem formar o maior projeto hidrelétrico do mundo. Essas ações visam não apenas reduzir a emissão de poluentes, mas também abastecer a crescente indústria de veículos elétricos e centros de dados de inteligência artificial, beneficiando economicamente o país.
O projeto em Qinghai alimenta 48 mil quilômetros de ferrovias de alta velocidade e é responsável por produzir painéis solares que lideram o mercado global, além de abastecer data centers com energia de baixo custo. A região, próxima ao nascimento do atual Dalai Lama, também se destaca pelo desenvolvimento de iniciativas de armazenamento por bombeamento, que usam excesso de energia solar para elevar o nível de reservatórios e gerar eletricidade à noite.
Desafios e implicações sociais
Embora seja uma área pouco povoada, os projetos energéticos do Tibet Chinês envolvem deslocamentos populacionais e impactos ambientais. Segundo especialistas, a instalação de painéis solares a 5.200 metros de altitude, como próximo a Lhasa, revela uma nova fase do esforço chinês em ampliar seu parque solar de alta altitude.
Entretanto, a geração de energia eólica ainda enfrenta obstáculos devido ao ar rarefeito, que reduz a eficiência das turbinas. As operações inteligentes tentam equilibrar a produção solar diurna com a energia eólica noturna, garantindo estabilidade na rede elétrica.
Qinghai exporta o excedente de energia para a província de Shaanxi, além de investir em usinas hidrelétricas e sistemas de armazenamento por bombeamento. Assim, o país busca reduzir a dependência de fontes fossis, avançando na direção de um futuro energético mais sustentável e inovador.