Nas reuniões preparatórias para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), a China se destacou ao apresentar uma postura ambiental mais comprometida em comparação com outras superpotências. Durante os diálogos da pré-COP, que aconteceu nesta segunda-feira (13/10) em Brasília, representantes chineses afirmaram que adotariam metas mais ambiciosas na sua Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC).
A posição isolada dos EUA e da União Europeia
Essa atitude da China se destacou ainda mais pelo contraste com as ações das demais superpotências. Os Estados Unidos, por exemplo, não enviaram representantes para as discussões preliminares, evidenciando uma escalada nas tensões climáticas após a retirada do país do Acordo de Paris pelo governo anterior de Donald Trump. Por sua vez, a União Europeia, que também teve uma representação na pré-COP e garantiu presença na COP30 em Belém, ainda não apresentou sua NDC até o momento, perdendo prazos importantes.
A atual NDC da China já é um reflexo de sua ambição climática. A primeira proposta foi considerada insatisfatória, levando o país a revisá-la, e a versão atual estabelece a meta de alcançar a neutralidade de carbono até 2060. Além disso, a nova contribuição indica a intenção de avançar em pesquisas e no controle de outros gases que causam o efeito estufa. A expectativa é que, até a COP30, em novembro, novas atualizações sejam feitas, promovendo metas ainda mais ousadas.
Financiamento e desafios na implementação
Entretanto, a questão do financiamento ambiental foi pouco abordada nas discussões iniciais. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, destacou a importância do investimento no Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF) e no programa de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal (REDD+), ressaltando que esses aportes não devem ser vistos como doações, mas sim como investimentos necessários para a proteção ambiental.
Um panorama geral foi oferecido sobre o tipo de solução que o financiamento climático deve buscar, com a meta ambiciosa de US$ 1,3 trilhão até 2035. Muitas falas durante a pré-COP indicaram um apoio coletivo rumo à criação de um mecanismo que possibilite mobilizar esse montante. No entanto, a falta de discussão em profundidade sobre o financiamento gerou incertezas sobre o andamento do agenda, especialmente com temas variados em pauta para os encontros subsequentes.
A cobrança de Marina Silva
Durante a sua fala, Marina enfatizou que os recursos destinados à proteção ambiental estão muito aquém do necessário, com uma necessidade estimada de US$ 282 bilhões por ano, enquanto atualmente estão disponíveis cerca de um quarto desse valor. Ela afirmou: “Para preencher essa lacuna, precisamos mobilizar um menu de ações concretas de financiamento para a natureza”.
Marina destacou que o TFFF poderia gerar cerca de US$ 4 bilhões por ano, quase três vezes o volume atual de financiamento internacional para florestas, tornando-se uma fonte perene de recursos que também valorizaria o papel dos povos indígenas e das comunidades tradicionais.
Expectativas para a COP30
A próxima COP30 no Brasil promete ser uma edição histórica, com o foco principal na implementação das diretrizes discutidas nas reuniões preparatórias e na definição de mecanismos que viabilizem a meta de financiamento prometida em Baku, onde se estabeleçou que este recurso deve ser direcionado aos países em desenvolvimento. A comunidade internacional observa com expectativa como essas negociações se desenrolarão em Belém, especialmente com a implementação de um planejamento que possa garantir compromissos mais sólidos em um futuro próximo.
Assim, enquanto a China se mostra assertiva em sua política climática, o mundo aguarda a reação das demais superpotências e seus compromissos com a futura COP30, que será crucial na luta global contra a mudança climática.
