A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, enfatizou a necessidade urgente de financiamento para programas ambientais dos países desenvolvidos, durante o primeiro dia da pré-COP30, realizada na última segunda-feira (13/10). O evento serve como uma plataforma para negociações multilaterais e objetiva preparar os acordos que serão firmados na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, marcada para o próximo mês em Belém (PA).
Durante seu discurso, Marina Silva chamou a atenção para a disparidade entre os recursos disponíveis e a necessidade real para a proteção da natureza. “Estima-se a necessidade de US$ 282 bilhões por ano, mas hoje contamos com apenas 1/4 desse valor. Para preencher essa lacuna, precisamos mobilizar um menu de ações concretas de financiamento para a natureza. Não se trata de doação, mas de investimento”, afirmou a ministra.
O papel do TFFF na proteção da natureza
Marina destacou o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), um projeto liderado pelo Brasil e apresentado na COP28. O objetivo desse fundo é oferecer remuneração a países, especialmente os desenvolvidos, por seus esforços na conservação de biomas tropicais. “Quando estiver em operação, o TFFF poderá gerar cerca de US$ 4 bilhões por ano, quase três vezes o volume atual de financiamento internacional para florestas”, informou Marina.
A proposta visa também garantir fluxos financeiros contínuos para proteger a natureza e valorizar os serviços ecossistêmicos, incluindo a participação importante dos povos indígenas e comunidades tradicionais. “Essa iniciativa é um dos pilares para a continuidade da conservação ambiental e uma ferramenta crucial para enfrentar a crise climática que vivemos”, completou a ministra.
Importância do REDD+ e apoio internacional
Outro mecanismo salientado por Marina foi o programa de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal (REDD+). Mariana explicou que esse programa inclui na contabilidade de emissões de gases de efeito estufa as ações dos países em desenvolvimento que se comprometerem a reduzir o desmatamento. “Por meio de iniciativas como o Fundo Amazônia e parcerias com entes subnacionais, TFFF e REDD+ poderão gerar cerca de 9 bilhões de dólares anuais, cobrindo quase 60% do financiamento necessário para zerar o desmatamento até 2030”, afirmou a ministra.
Desafios em proteção marinha
Além das florestas, Marina Silva também abordou a urgência de ações voltadas à proteção dos oceanos, que desempenham um papel vital na mitigação das mudanças climáticas. Com um déficit de 92,5% em investimentos nessa área, a ministra ressaltou que os oceanos absorvem grande parte do CO₂ global e sustentam os meios de vida de bilhões de pessoas ao redor do planeta. “Os recursos destinados à conservação oceânica somam apenas 1,2 bilhão de dólares por ano, quando seriam necessários cerca de 16 bilhões. É preciso corrigir esse desequilíbrio”, concluiu.
Um apelo aos países desenvolvidos
Durante a plenária “Implementando o Balanço Global: Clima e Natureza”, que contou com a presença de representantes de 66 países e da União Europeia, a ministra reforçou que o financiamento para a proteção ambiental deve ser uma prioridade global, especialmente para os países desenvolvidos, que historicamente contribuiram mais para a crise climática. A ausência dos Estados Unidos no evento gerou preocupação, uma vez que este país é considerado uma parte vital do mecanismo de financiamento para a conservação das florestas.
A mobilização de recursos financeiros para iniciativas ambientais torna-se cada vez mais fundamental em um contexto de intensificação das mudanças climáticas, e a pré-COP30 se apresenta como uma oportunidade crítica para discutir e traçar planos concretos que possam realmente fazer a diferença na conservação ambiental.
O chamado de Marina Silva ecoa a necessidade de uma ação global coordenada, na qual todos os países, independentemente de seu estágio de desenvolvimento, estejam engajados em um compromisso verdadeiro com o meio ambiente e com a sustentabilidade.
Com cada vez mais promessas e compromissos, a expectativa é que os diálogos que se iniciaram na pré-COP30 pavimentem o caminho para soluções inovadoras que possam ser adotadas na COP30, garantindo um futuro sustentável para as próximas gerações.