Durante uma visita à Itália, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva abordou a situação da deputada federal Carla Zambelli, que está detida no país europeu desde julho, enfrentando um processo de extradição. A declaração de Lula ocorreu enquanto ele se reuniu com o Papa Leão XVI e, ao ser questionado sobre a parlamentar, o presidente afirmou que “nem se lembrava” do seu nome.
O caso Carla Zambelli
Carla Zambelli deixou o Brasil após ser condenada a dez anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por sua participação na invasão do sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ). A deputada, conhecida por seu apoio a Jair Bolsonaro, recebeu sua condenação em maio e, segundo a decisão judicial, ficou inelegível por oito anos. Além disso, a Corte determinou a perda automática de seu mandato.
Em suas declarações, Lula enfatizou que Zambelli “vai pagar” pelo que fez, destacando que sua situação é uma questão da Justiça e não do governo. “Ela vai pagar pelo erro que fez. Ou aqui ou no Brasil”, afirmou Lula, que optou por não entrar em detalhes sobre o assunto.
A situação atual de Zambelli
Após sua saída do Brasil, Zambelli pediu um afastamento de 120 dias da Câmara dos Deputados, que não pode ser prorrogado. Com o fim da licença em 2 de outubro, a deputada deveria retornar ao cargo, mas como está presa na Itália, já acumula faltas. O regimento da Câmara prevê que se as ausências injustificadas ultrapassarem um terço das sessões em um ano, o mandato pode ser perdido sumariamente.
Zambelli já enfrenta um pedido de cassação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, e mesmo entre seus aliados, as perspectivas de escapar da punição não são favoráveis. No último depoimento, realizado diretamente do presídio em Roma, a parlamentar defendeu a manutenção de seu mandato e afirmou que está aprendendo italiano, alegando dificuldades em lembrar termos em português.
Condenações e extradição
A парламентar foi condenada também por porte ilegal de arma durante um incidente em que perseguiu um homem em São Paulo, resultando em mais cinco anos e três meses de prisão. As imagens do episódio viralizaram na época, levando a críticas severas por parte do STF, que não acatou a defesa de legítima defesa apresentada por Zambelli.
Além disso, a Justiça brasileira já solicitou a extradição de Zambelli, que se julgava “intocável” por ter cidadania italiana. A Procuradoria da Itália deve se manifestar sobre o pedido até o final de outubro, conforme informações recentes.
A postura da Câmara dos Deputados
O presidente da Câmara, Hugo Motta, afirmou que não caberia à Casa votar a prisão de Carla Zambelli, considerando que a Constituição prevê análise do Congresso apenas em casos de prisão em flagrante por crimes sem fiança. Como a condenação dela já havia transitado em julgado, a situação se torna ainda mais complexa.
Com a repercussão da detenção de Zambelli e a condenação prévia, as tensões entre o Legislativo e o Judiciário são palpáveis. A chamada “representação contra Zambelli” foi instaurada na CCJ. Se a maioria dos membros da comissão decidir pela cassação do mandato, a decisão ainda dependeria da aprovação de 257 deputados, algo que pode se configurar como um grande desafio para a parlamentar.
A situação da deputada Carla Zambelli levanta debates acalorados sobre a responsabilidade política e as consequências de ações ligadas ao exercício do cargo, ressaltando a importância da justiça e da democracia no Brasil.
Com as recentes movimentações e a tensão política em alta, a saga de Zambelli promete ainda desdobramentos importantes, refletindo a complexidade da política brasileira contemporânea e suas consequências diretas na vida de figuras públicas.