No último domingo, 12 de outubro, o Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, localizado em Aparecida (SP), se encheu de devotos da Padroeira do Brasil em um dos dias mais esperados do ano. Embora o templo católico ainda não tenha divulgado a contagem total de visitantes, as estimativas indicam que a celebração atraiu uma multidão, com o estacionamento completamente lotado e a máxima capacidade de veículos sendo atingida.
Celebração da fé e a carga emocional
O estacionamento do Santuário, capaz de receber até três mil carros e dois mil ônibus, precisou fechar os portões para novos veículos por cerca de uma hora devido à lotação máxima. A reabertura ocorreu por volta das 10h50. Um dos pontos de maior movimentação foi o nicho onde está a imagem de Nossa Senhora Aparecida. Desde cedo, por volta das 6h, os fiéis enfrentaram filas com espera superior a uma hora e meia.
A missa solene, iniciada às 8h, contou com a presença de aproximadamente 35 mil pessoas, número que corresponde à capacidade máxima da basílica. O arcebispo de Aparecida, Dom Orlando Brandes, foi quem proferiu o sermão principal, destacando a urgência de um olhar mais humanizado em direção aos menos favorecidos. Ele pediu que os representantes eleitos lutassem por leis que favoreçam os pobres. “Para muitos, os pobres são invisíveis”, afirmou, enfatizando a importância da sensibilidade e da ação social.
A importância do dia e os desafios enfrentados
A celebração deste 12 de outubro trouxe à tona não apenas um sentimento de devoção, mas também diversas reflexões sobre as desigualdades sociais que afligem o Brasil. Dom Orlando fez um apelo direto, almejando que a intercessão da Santa Auxilie a diminuição da pobreza e das desigualdades. “Que a Mãe Aparecida nos ajude a que os que foram eleitos pelo povo votem em leis favoráveis ao povo de Deus, favoráveis aos pobres”, completou o arcebispo, um recado que ecoou entre os presentes.
Entre os devotos estavam figuras de destaque, como o presidente em exercício, Geraldo Alckmin, e autoridades locais, que também se juntaram à multidão em oração e reflexão.
Testemunhos de fé e tragédias no caminho
Além da solenidade religiosa, o dia foi marcado por relatos emocionantes de devoção. Um caso que chamou atenção foi o de Luciene Pereira dos Santos, que se deslocou de Paropeba (MG) em uma romaria especial, atravessando mais de 700 quilômetros para cumprir uma promessa. Luciene revelou que sua jornada teve origem em momentos difíceis enfrentados por seu filho, que precisou de cuidados médicos intensivos. Em agradecimento pela recuperação dele, ela fez a promessa de ir até o santuário de joelhos.
A fé de Luciene e a de muitos outros devotos se manifestou em forma de agradecimento e esperanças renovadas, apesar das dificuldades enfrentadas por alguns romeiros. Infelizmente, o clima de celebração também foi interrompido por tragédias. Nos dias que antecederam a festividade, três romeiros perderam a vida, levantando preocupações sobre a segurança nas rotas de peregrinação.
Entre os casos mais tristes, um policial militar de 30 anos foi morto durante um assalto enquanto se dirigia a Aparecida. Outras fatalidades ocorreram também na Rodovia Presidente Dutra, envolvendo um ciclista e outro romeiro, ambos vítimas de assaltos.
Reflexão final sobre a devoção e a realidade brasileira
O acontecimento no Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida não se limitou a uma mera celebração religiosa; ele expôs um retrato da sociedade brasileira, refletindo tanto a fervorosa fé do povo quanto os desafios sociais que precisam ser enfrentados com urgência. A mensagem do arcebispo ressoou em milhares de corações, instigando esperança e ação.
O evento reafirma não apenas a resiliência da fé, mas também a necessidade de comprometimento social em um país onde as desigualdades se tornam cada vez mais evidentes. Que as lições do dia 12 de outubro em Aparecida inspirem ações concretas em busca de um Brasil mais justo e solidário.