O Partido dos Trabalhadores (PT), sob a liderança do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, está adotando uma abordagem estratégica em sua comunicação digital. A iniciativa visa não apenas fortalecer a presença do partido nas redes sociais, mas também minimizar a resistência das gigantes da tecnologia à regulação que o governo propõe. Em uma entrevista ao portal Metrópoles, o secretário de Comunicação do partido, Éden Valadares, salientou a atenção especial dada ao Kwai, uma plataforma chinesa muitas vezes negligenciada nas discussões sobre política digital.
A aproximação com as big techs
Historicamente, a relação do PT com as big techs passou por altos e baixos. Valadares mencionou que a tentativa de aproximação foi interrompida quando o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, impôs tarifas ao Brasil. A Casa Branca justificou a represália política e comercial citando a restrição das atividades de empresas norte-americanas. No entanto, o diálogo foi retomado com a nova direção do PT.
“Após a carta, o PT congelou o debate com as big techs e as próprias empresas recuaram. Com a nova eleição na sigla, começamos a conversar novamente. Desde o dia 28 de agosto, estamos dialogando separadamente com essas plataformas. O primeiro objetivo é restabelecer o diálogo institucional, e o segundo é apresentar nossas propostas de regulação e desmistificar a ideia de que as big techs possuem uma opinião unânime sobre o tema”, explicou Valadares.
A importância das redes sociais
Outro ponto destacado pelo secretário é a necessidade de a esquerda se posicionar de maneira mais efetiva nas redes sociais. “O PT defende que o que é crime na vida real também deve ser crime no ambiente virtual. Além disso, podemos oferecer qualificação e treinamento para nossa militância, permitindo que eles participem ativamente como produtores de conteúdo e agentes da disputa política”, afirmou Valadares.
Essa estratégia culminou em um seminário de comunicação voltado a políticos e militantes, com o apoio das big techs. Na próxima semana, ocorrerá uma série de oficinas exclusivas para petistas com representantes do TikTok, Instagram, YouTube e Kwai.
O foco no Kwai
Quando questionado sobre a presença do Kwai, Éden Valadares esclareceu que essa plataforma é onde se concentra grande parte do eleitorado mais pobre, que historicamente é a base do PT. “Uma parte significativa do eleitorado do PT, especialmente das classes C, D e E, passa mais tempo no Kwai do que em outras plataformas. Boa parte da nossa militância também está lá, e o partido precisa acompanhar onde estão seus apoiadores. No Kwai, o militante chegou primeiro do que o partido”, ressaltou.
Valadares ainda destacou que o Kwai se diferencia por ser uma plataforma mais brasileira, com estratégias de engajamento regionais. O aplicativo já alcançou a marca de 60 milhões de usuários no Brasil e é visto como uma oportunidade valiosa para o PT fortalecer sua presença digital.
A importância do algoritmo do Kwai
O algoritmo do Kwai, que favorece influenciadores locais, torna mais fácil o engajamento em nível local. Isso permite que as mensagens do PT sejam disseminadas de forma mais orgânica e eficaz entre os usuários. Assim, a plataforma não é apenas um meio de comunicação, mas também uma ferramenta potencial para a mobilização política.
O novo aplicativo do PT
Outro ponto importante na estratégia do PT é o lançamento de um novo aplicativo, previsto para fevereiro do próximo ano. Segundo Éden, a plataforma será projetada para mobilização não apenas dos filiados, mas também de militantes e simpatizantes. “Esperamos que o aplicativo funcione como um canal de consulta aos filiados e como um instrumento de engajamento, convidando todos para uma mobilização digital. Estamos considerando um sistema de ‘ranking’, baseado em gameficação, que não envolve dinheiro, mas que estimule o engajamento e a criação de conteúdo por parte dos petistas”, explicou Valadares.
Com essas iniciativas, o PT busca não apenas se adaptar ao novo cenário digital, mas também fortalecer a sua base e engajar os eleitores de forma mais eficaz, utilizando as ferramentas e plataformas que estão ao alcance dos cidadãos brasileiros.