Em um cenário de contrastes, o Brasil conseguiu reduzir a insegurança alimentar de 27,6% para 24,2%, tirando 8,8 milhões de pessoas dessa situação até 2024. Contudo, no Distrito Federal, a realidade é preocupante: o índice de insegurança alimentar subiu de 26,5% para 27% no mesmo período. Esses dados foram divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) na última sexta-feira (10) e refletem as disparidades regionais no combate à fome no país.
A mudança no cenário nacional
A Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (Ebia), que faz parte da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílios Contínua (PNADc), aponta que quase todos os estados brasileiros apresentaram melhorias significativas na segurança alimentar. No entanto, algumas exceções merecem atenção especial, como o Distrito Federal, que registrou um aumento preocupante, assim como os estados de Roraima, Amapá e Tocantins.
Dados alarmantes no Distrito Federal
A pesquisa revelou que, no Distrito Federal, o índice de insegurança alimentar voltou a subir, colocando em evidência os desafios locais. O salto de 26,5% para 27% revela uma situação que, em contrapartida ao crescimento nacional, traz à tona questões sobre políticas públicas e assistência social na região. Roraima, por sua vez, viu a insegurança alimentar alcançar um alarmante 43,6%. Amapá e Tocantins também apresentaram aumentos, de 30,7% para 32,5% e 28,9% para 29,6%, respectivamente.
Até o momento, o Governo do Distrito Federal e a Secretaria de Desenvolvimento Social não se posicionaram oficialmente sobre os dados da pesquisa. Esse silêncio gera um vazio na comunicação acerca das medidas que poderiam ser implementadas para reverter esse cenário crescente de precariedade alimentar.
Aspectos gerais da insegurança alimentar no Brasil
Por outro lado, em um panorama mais otimista, o Brasil conseguiu sair do Mapa da Fome, mas ainda enfrenta desafios significativos. Segundo a ONU, 13,5% da população brasileira ainda experimenta algum grau de insegurança alimentar, seja leve, moderada ou grave. A redução geral foi notável: de 27,6% para 24,2%, o equivalente a 2,2 milhões de lares a menos nessa condição entre 2023 e 2024.
Progressos e desafios
Os dados mostram uma diminuição da insegurança alimentar leve, que caiu de 18,2% para 16,4%, e também da moderada, que caiu de 5,3% para 4,5%. No entanto, a insegurança alimentar grave apresentou uma redução ainda mais significativa, passando de 4,1% para 3,2%. Apesar dos progressos em nível nacional, a desigualdade entre as regiões continua a representar um grande obstáculo à segurança alimentar plena.
No Norte e no Nordeste, as taxas de insegurança alimentar permanecem alarmantes, com 37,7% e 34,8%, respectivamente. Esses números indicam uma urgência em se trabalhar políticas que possam proporcionar a dignidade e o acesso a alimentos de qualidade para todos os cidadãos, independentemente de onde residem.
Desigualdade etária na insegurança alimentar
Outro ponto interessante trazido pela pesquisa é a relação entre a idade dos moradores e a insegurança alimentar. A análise revela que quanto maior a idade, menor a proporção de indivíduos em situação de insegurança alimentar grave. Entre crianças de 0 a 4 anos, a taxa é de 3,3%, na faixa de 5 a 17 anos é de 3,8%, enquanto entre os idosos com 65 anos ou mais, a proporção cai para 2,3%. Essa variação indica a necessidade de abordagem diferenciada para cada faixa etária, tendo em vista que a vulnerabilidade social pode impactar de maneira diversa diferentes grupos populacionais.
Em um mundo onde a comida é um direito básico, os desafios enfrentados pelo Brasil e especialmente pelo Distrito Federal indicam que ainda há muito trabalho a ser feito. A luta contra a insegurança alimentar exige um esforço conjunto do governo, da sociedade civil e dos cidadãos, para que todos possam ter acesso a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente para uma vida saudável.
As notícias da insegurança alimentar continuam a ser um tema crítico e urgente. O Brasil pode ter dado passos significativos, mas a realidade do Distrito Federal destaca que os desafios persistem e clamam por atenção e ação eficaz.