Brasil, 12 de outubro de 2025
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Escritora quilombola resgata ancestralidade e autoestima com livros infantis

Bárbara Ramos usa a literatura para fortalecer a identidade de crianças negras no Quilombo Pesqueiro Graciosa, na Bahia.

As experiências da primeira infância são fundamentais na formação da identidade de uma pessoa. No entanto, o racismo pode deixar marcas profundas, especialmente durante essa fase da vida. Observando essa realidade, a escritora e professora Bárbara Ramos decidiu utilizar a literatura como ferramenta de resgate da autoestima e ancestralidade de crianças negras do Quilombo Pesqueiro Graciosa, localizado em Taperoá, na Bahia.

O impacto da literatura na autoestima das crianças

Bárbara Ramos compreendeu que muitas das crianças que atuou não se reconheciam como negras ou não se viam como belas. “Eu percebi que nossas crianças, mesmo fora da comunidade, não se reconheciam como meninas ou meninos negros. Elas não se viam bonitas”, explicou em uma entrevista ao G1. Alarmada com essa realidade, ela se propôs a mudar essa narrativa por meio de suas obras infantis.

Autora de livros como “A Princesa Arany” e “O Príncipe Akili e os Mistérios da Terra”, Bárbara aborda temas de identidade, tecnologia e saberes ancestrais. Utilizando histórias lúdicas, a escritora apresenta valores de força e beleza frequentemente ocultados pelo racismo estrutural. “É preciso que a gente dê grandes passos, mas isso só será possível ao nos reconhecermos e valorizarmos nossa própria beleza”, afirma.

Redefinindo a realeza na infância

A escritora busca desafiar o estigma associado à negritude, trazendo duas perspectivas de realeza em suas narrativas: a simplicidade e a força. “A capa de ‘A Princesa Arany’ apresenta uma menina simples da comunidade, livre, mostrando que você é princesa sem precisar de fantasias ou coroas”, explica. Além disso, “O Príncipe Akili” também reflete a beleza e a singularidade de suas características, evidenciando o amor-próprio como ponto central.

Superando as dificuldades

Vinda de uma família com uma rica tradição pesqueira, a escritora destaca que, apesar das dificuldades econômicas e do preconceito, decidiu abordar temas que não focam na dor. “Escolhi não falar do sofrimento nas minhas obras, mas sim ressignificar a autoimagem dessas crianças”, explica. Esse posicionamento não é uma forma de apagar a luta histórica enfrentada pela população negra, mas sim uma alternativa para apresentar narrativas mais positivas no imaginário infantil.

Segundo Bárbara, a ideia é criar um ambiente de autorreconhecimento. “Quero mostrar a elas: ‘Olha, esse é o seu povo. O quanto de poder e beleza eles representam'”, revela, destacando a importância de valorizar os saberes tradicionais. Ela ressalta que carregar a ancestralidade implica em reconhecer a força de um povo que, mesmo diante das adversidades, construiu uma rica cultura.

A importância de fortalecer a identidade negra

O trabalho de Bárbara Ramos é um chamado à valorização da identidade negra, fundamental para a autoestima e a formação de crianças em um mundo ainda marcado pelo racismo. Ao estimulá-las a se reconhecerem como parte de uma história rica e poderosa, sua literatura se torna uma ferramenta indispensável na luta contra o preconceito, colaborando efetivamente para um futuro mais justo e igualitário.

Com uma abordagem inovadora e sensível, a escritora quilombola reafirma a necessidade urgente de que as crianças negras enxerguem em si mesmas a beleza, a força e a potencialidade que sempre existiram e que são fundamentais para a construção de uma sociedade mais inclusiva.

Para mais informações sobre esta escritora inspiradora e seus trabalhos, confira a reportagem completa no G1 Bahia.

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