O Spaten Fight Night 2, que ocorreu no último dia 27, reuniu celebridades sob um código de vestimenta black tie em um evento luxuoso. No entanto, o que deveria ser uma noite de celebração se transformou em um verdadeiro caos quando uma briga generalizada eclodiu no ringue, envolvendo as equipes dos famosos lutadores Acelino “Popó” Freitas e Wanderlei Silva.
O tumulto e suas consequências
A confusão no evento deixou seus participantes com consequências sérias. Popó, de 50 anos, sofreu uma fratura na mão direita e anunciou sua aposentadoria do boxe, declarando que deseja continuar contribuindo para a revelação de novos talentos, mas sem voltar ao ringue, nem mesmo como treinador. Por outro lado, Wanderlei Silva, de 49 anos, anunciou nas redes sociais que sofreu fraturas nas órbitas faciais e no nariz após um ataque inesperado de Rafael Freitas, filho de Popó, que invadiu o ringue e o nocauteou por trás. A situação gerou preocupação no atleta, que chegou a mencionar a possibilidade de processar o filho do oponente.
Repercussão para a Spaten
A marca de cerveja Spaten, patrocinadora do evento, ficou atônita com a situação, receosa sobre como a imagem da cervejaria seria percebida pelo público após o tumulto. Entretanto, especialistas em marketing acreditam que o rótulo da marca não foi muito prejudicado em comparação às repercussões negativas enfrentadas por aqueles diretamente envolvidos na confusão. “No fim, as pessoas querem ver autenticidade, emoção, uma luta de verdade”, afirmou o pesquisador Leandro Paiva, refletindo sobre a atratividade de eventos mais descontrolados.
A diretoria da Spaten ainda não decidiu se haverá uma terceira edição do evento. Fontes informaram que a intenção é evitar dar a impressão de que estão se beneficiando da violência.
Reações do setor e o futuro dos eventos de luta
Diante da situação, Amir Somoggi, diretor da Sport Venue, enfatizou que a Spaten se preocupa em estabelecer um vínculo duradouro com o esporte, e não apenas em gerar repercussão nas redes sociais. “A marca saiu arranhada na polêmica, mas agora ninguém tem dúvida de que está associada aos esportes de contato”, declarou Somoggi.
A cerveja, pertencente à multinacional AB Inbev, foi introduzida no mercado brasileiro em 2021 com o objetivo de competir no segmento premium, diretamente contra marcas como a Heineken, que possui um histórico de patrocínios em grandes eventos esportivos. No entanto, o ambiente hostil que emergiu com a provocação antes do evento resultou em uma situação para a qual os organizadores não estavam preparados.
O uso das provocações no esporte
Os “trash talks”, ou provocações, são comuns no mundo dos esportes de combate e, apesar de controversos, são vistos por muitos como uma ferramenta crucial para a venda de lutas. Valter Walker, peso-pesado do UFC, observa que, embora não se importe com provocações pessoais, a quebra de confiança entre companheiros de treino após ataques verbais pode ser surpreendente. “Não é que eu goste de trash talking, mas é necessário no meu trabalho”, disse o lutador.
Wallid Ismail, presidente do Jungle Fight, mantém a disciplina rigorosa em seus eventos, aplicando punições severas a lutadores que causam tumultos, a fim de preservar a imagem do evento e a segurança do público. “Mantenho um controle rígido para evitar que a desordem afaste patrocinadores e fãs”, defendeu Ismail, afirmando que suas 140 edições livres de confusões demonstram a eficácia de seu método.
Novas oportunidades após a confusão
Mamá Brito, presidente do Fight Music Show, espera que o tumulto do Spaten Fight Night 2 não ofusque a popularidade de eventos de combate com celebridades. Ele destaca que muitos artistas estão começando a se interessar pelo boxe, que tem uma curva de aprendizado rápida. “As regras do nosso evento são diferentes, o que facilita a inclusão de artistas na competição”, ressaltou Brito.
Segundo Brito, a combinação de personalidades públicas em competições atrativa deve continuar a promover eventos. Em novembro, por exemplo, lutadores de realities show competirão entre si, evidenciando a tendência de unir o entretenimento à luta.
O que fica claro é que, apesar da confusão, o setor de lutas continua a buscar novas formas de engajar o público e criar eventos memoráveis, promovendo essa mistura insólita de combate e espetáculo.
Assim, enquanto o mundo dos esportes de combate observa o desdobrar dos eventos após a confusão, a Spaten e outros patrocinadores têm um dilema em mãos: como equilibrar a emoção e a controvérsia sem perder a credibilidade diante do seu público.