Brasil, 12 de outubro de 2025
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Superação social: histórias de Joana e Marcelo após anos na rua

Joana e Marcelo resistiram às dificuldades da rua e hoje vivem com os filhos, mostrando que a reintegração social é possível, apesar dos desafios

Joana Darc Bazílio da Cruz, de 40 anos, e Marcelo Cristiano Soares Pessanha, de 49, conseguiram sair da rua, recomeçar suas vidas e formar suas próprias famílias. Apesar das dificuldades, seus relatos ilustram que a superação social é uma jornada complexa, especialmente quanto mais tempo uma pessoa passa vulnerável nesta condição. Pesquisa mostra que 36,4% das pessoas em situação de rua estão há até seis meses nessa condição, enquanto 10% permanecem por mais de dez anos.

Marcelo Pessanha: da rua às oportunidades

Marcelo foi abandonado pela família após a morte da mãe, aos 12 anos, e, ao longo da vida, enfrentou conflitos familiares, dependência química e exclusão social. Ele relata que a perdição começou após a morte da mãe, com acusações e abandono, levando-o a morar debaixo de um viaduto no Irajá, zona norte do Rio, e a frequentar um centro pop para alimentação e banho. “Como é que você deita, em sã consciência, num chão cheio de poeira, com barata, com rato passando, e dorme? Só alcoolizado. Não tem como. A cachaça se torna um parceiro do dia a dia”, descreve.

Marcelo tentou manter empregos como pedreiro e garçom, teve quatro filhos, mas a dependência química o impediu de sustentar os laços familiares e empregos fixos. Sua trajetória é marcada por episódios de crise, isolamento e convívio com o álcool. Nos últimos anos, encontrou apoio em uma instituição religiosa que ajuda dependentes de álcool, o que foi fundamental para iniciar sua caminhada de recuperação.

Hoje, Marcelo reside em um apartamento, após passar por um albergue e conseguir uma oportunidade de trabalho novamente. Ele é acompanhado pela assistente social Jaqueline Medeiros, que o auxilia na reintegração social. “Quando volto aos lugares onde frequentava na rua, as pessoas não me reconhecem. Somos invisíveis”, afirma.

Joana: a trajetória de superação e cuidado com os filhos

Joana viveu dez anos na rua em Brasília, desde os 12 anos, após perder a mãe vítima de homicídio e enfrentar uma convivência difícil com a irmã e o pai falecido. Ela saiu de casa pela primeira vez ainda adolescente, em busca de proteção e autonomia. Após períodos em centros de acolhimento, conseguiu encontrar apoio na assistência social e na moradia comunitária.

Com o apoio do Cadastro Único, Joana reformou uma casa deixada pelo pai e pôde criar seus oito filhos. Nos anos em que esteve no risco social, ela teve que abrir mão de alguns deles, mas hoje, com o suporte social, está criando as crianças e conciliando o trabalho na Fundação Oswaldo Cruz e coordenação do Movimento Nacional da População em Situação de Rua (MNPR). “Não pude criar meus primeiros filhos, agora estou podendo criar os mais novos”, relata.

Joana com suas filhas, no momento atual, ao lado do trabalho
Joana vive com suas quatro crianças, após anos na rua, em Brasília. — Foto: Brenno Carvalho/Agência O GLOBO

Hoje, Joana é agente facilitadora da Fundação Oswaldo Cruz e trabalha na coordenação do MNPR, desempenhando papel ativo na luta contra as vulnerabilidades sociais. “Foi muito difícil, tive acompanhamento psicológico e crises de síndrome de pânico, mas estou podendo criar minhas filhas agora”, diz. Ela reforça que a assistência social e o apoio institucional são essenciais para quem deseja recomeçar.

Perspectivas e desafios da reinserção social

Apesar dos exemplos de superação de Joana e Marcelo, especialistas destacam que a reinserção social é um processo complexo, que exige ações integradas de políticas públicas, apoio psicológico, acesso à moradia e oportunidades de trabalho. Quanto mais tempo o indivíduo permanece na vulnerabilidade, menores as chances de saída, reforçando a necessidade de intervenções rápidas e eficientes.

As histórias de Joana e Marcelo reforçam que, com empenho, apoio adequado e uma rede de suporte, a transformação social é possível, oferecendo esperança para milhares de pessoas que ainda vivem em situação de rua no Brasil. O desafio é ampliar as políticas de inclusão e garantir que esses exemplos positivos inspirem ações concretas.

Para saber mais sobre as condições de vulnerabilidade social no país, acesse o mapa interativo de renda per capita das cidades brasileiras.

Fonte: GLOBO

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