Brasil, 12 de outubro de 2025
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Mercado Livre inicia operação no setor farmacêutico em São Paulo

Empresa testa atuação no mercado de medicamentos, adotando modelo de vendas online e buscando mudanças regulatórias

O Mercado Livre anunciou oficialmente a aquisição de uma farmácia na zona sul de São Paulo, em uma estratégia de entrada no setor farmacêutico que ainda está sob testes. A operação, aprovada recentemente pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), envolve a Target, nome comercial da Cuidamos Farma Ltda., controlada pela startup Memed, especializada em digitalização de receitas e exames.

Movimento estratégico no setor de saúde

Apesar de modesta em termos financeiros, a iniciativa é considerada uma estratégia para o Mercado Livre explorar um dos setores mais regulados do varejo brasileiro. A compra foi revelada no final de setembro e detalhada em uma coletiva realizada em 9 de outubro, com a presença de executivos da companhia, como o vice-presidente sênior de commerce, Fernando Yunes, e a diretora jurídica, Adriana Cardinali.

Yunes explicou que o objetivo inicial é entender melhor o setor, sem a intenção de criar uma rede física de farmácias. Ele afirmou que a operação permitirá que o Mercado Livre trabalhe no modelo de venda 1P, autorizado atualmente para revenda de medicamentos online no Brasil. “Queremos que as farmácias vendam dentro do Mercado Livre, mantendo o DNA de marketplace e vendas no modelo 3P, em que o vendedor é responsável pelo estoque e entrega”, destacou.

Reação das associações e debate regulatório

A Associação Brasileira de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) questionou o negócio junto ao Cade, alegando falta de transparência e risco de enganosidade na operação. Yunes afirmou que a publicidade e comunicação ocorreram após a aprovação do órgão regulador, buscando esclarecer dúvidas e evitar interpretações equivocadas.

Ambiente regulatório em disputa

Mesmo sem permissão legal, marketplaces como o Mercado Livre defendem uma revisão na regulação da venda de medicamentos, atualmente proibida no Brasil. A companhia promove diálogos com órgãos públicos e parlamentares para alterar a RDC 44/2009 da Anvisa, que restringe o comércio digital de medicamentos.

A farmácia adquirida funcionará como projeto piloto, com a intenção de ampliar a operação apenas após avanços regulatórios. O anúncio impactou negativamente o mercado financeiro: ações da Raia Drogasil, Panvel e Pague Menos sofreram queda após o rumor da operação.

Panorama internacional e próximos passos

Outros países onde o Mercado Livre atua, como México, Chile, Argentina e Colômbia, já permitem operações híbridas de vendas de medicamentos pelas plataformas digitais. Nos Estados Unidos, Europa e China, a venda de medicamentos regulamentados é comum nas plataformas de e-commerce.

Segundo o executivo, a experiência do projeto piloto ajudará a embasar discussões para a modernização do setor no Brasil. O avanço dependerá das mudanças regulatórias, que atualmente limitam a atuação de plataformas digitais na venda de medicamentos.

A matéria aguarda confirmação do Mercado Livre sobre os detalhes da operação e seus planos futuros para o setor farmacêutico.

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